O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou nesta quarta-feira (14) o reajuste de 55% nas diárias de servidores que estão combatendo queimadas no estado, a contratação imediata de mais 85 brigadistas e a convocação de 200 bombeiros em treinamento para combater incêndios florestais.
Os reajustes variam entre R$ 120 e R$ 282 de acordo com as funções, segundo Wilson Lima. Os aumentos serão para servidores da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), Polícia Militar e Secretaria de Meio Ambiente.
Segundo Wilson Lima, 200 bombeiros em treinamento foram convocados e serão enviados em até 15 dias para reforçar equipes de brigadistas em áreas de queimadas. Atualmente, o Amazonas conta com 410 agentes atuando nesta operação. A maioria deles está no sul do estado, onde há maior incidência de foco de incêndios florestais. Também compõem os grupos de combate ao fogo agentes do Ibama.
Haverá ainda aumento no efetivo de brigadistas. Serão contratados 153 agentes para atuação na região sul do estado. Desses, 85 serão contratados imediatamente para atuar na próxima semana.
Outra providência anunciada por Wilson Lima é implantar brigadas de incêndios em 21 municípios que representam 95% das queimadas no Estado. Segundo o governador, os salários e treinamento serão pagos com recursos federais. O Ministério da Justiça liberou R$ 21 milhões. Parte dos recursos será investido na instalação de Autobombas Taques, caminhões adaptados com tanque de água. Os veículos deverão ficar prontos em meados de novembro, quando há redução nos focos de calor.
O governo foi acionado na Justiça pela Defensoria Pública do Amazonas para que forme um grupo de especialistas para monitorar e combater as queimadas. Desde sábado (10), Manaus e municípios da Região Metropolitana estão cobertos por fumaça.
Wilson Lima afirmou que apenas o combate terrestre aos incêndios não é suficiente para acabar com as queimadas. “Só os homens em campos não são suficientes para combater a quantidade de focos de calor. Nós precisamos de aviões que carreguem uma quantidade significativa de água; nós precisamos de helicópteros, drones e de outros equipamentos importantes para combater o fogo lá. Nós precisamos de viaturas, de autobombas tanques e outros implementos como abafadores, equipamentos para estes brigadistas, bombeiros o pessoal do Prédio e Fogo”, disse Wilson Lima.
Atribuição de responsabilidade federal
O governador disse que conversou com “a maioria dos ministros envolvidos na questão da estiagem” e pediu ajuda. Segundo Wilson Lima, “só, o Estado do Amazonas não consegue combater os focos de incêndios”.
Wilson Lima alegou que a maior parte das queimadas no Amazonas ocorrem em áreas indígenas, que são de responsabilidade do governo federal. “E tem um detalhe: algo em torno de 80% dos incêndios que estão acontecendo neste momento são em assentamentos e em áreas indígenas que são de responsabilidade do governo federal. Em nenhum momento o Estado vai se eximir dessa responsabilidade de combater esses incêndios, mas sozinhos nós não conseguimos. É necessário que o governo federal também comece a fazer a sua parte de forma mais incisiva”, disse.
À frente do poder público
“São áreas de difícil acesso. Por exemplo, uma das áreas onde há uma influência muito grande do arco do fogo é ali na BR-319. A gente não consegue chegar na BR-319. O criminoso consegue porque se planeja. Ele se planeja 15, 20 dais antes, chega lá, taca fogo, quando aparece o alerta aqui, todo mundo já fugiu. Isso dificulta muito o acesso porque não temos estradas e a gente só consegue chegar lá de aeronave. Mesmo você indo de aeronave, não tem onde pousar”, acrescentou o governador.
O governador disse ainda que a população não tem que se acostumar com a fumaça, mas tem que conviver com as mudanças climáticas que já é uma realidade.
O diretor presidente do Ipaam, Júlio Valente, informou que no painel de monitoramento do instituto foram registrados neste mês de agosto 3.968 focos de calor no Amazonas. Desses, 3.563 foram no sul do Estado e 114 na região metropolitana.
Segundo Juliano Valente, as áreas críticas estão nos municípios de Apuí (a maior concentração), Novo Aripuanã, Lábrea, Manicoré e Humaitá. Na região metropolitana, Autazes, Maués e Iranduba.