MANAUS (AM) – A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tem dois candidatos com perfil de esquerda disputando o cargo de reitor na eleição da instituição: Marco Antônio de Freitas Mendonça, que encabeça a chapa “Por uma Ufam que Humaniza, Inclui e Transforma”, e Tanara Lauschner, da chapa “Mudança!”.
No primeiro turno do pleito, que movimenta a comunidade acadêmica, na segunda-feira, 7, a primeira chapa obteve 33,27% dos votos e a segunda teve 33,22%. O segundo turno está previsto para ocorrer no próximo dia 14 de abril.
Integrante da organização da chapa “Por uma Ufam que Humaniza, Inclui e Transforma”, Iraildes Caldas, que também é coordenadora do Grupo de Estudos, Pesquisa e Observatório Social: Gênero e Poder (Gepos), pontuou que a primeira chapa congrega todas os matizes e classe social. Ela lembra que “Marcão”, como é conhecido Marco Antônio de Freitas Mendonça, é simpatizante do Partido dos Trabalhadores (PT) desde a juventude.
A declaração é uma reação ao que chamou de fake news, conforme a professora, sobre Marco Antônio de Freitas Mendonça ser de direita. “Trabalhou na Central Única dos Trabalhadores por muito tempo, no projeto Vento Norte, de educação popular. É uma pessoa que sempre marchou nas trincheiras das esquerdas“, declarou Iraildes Caldas, lembrando que outros apoiadores da chapa são da mesma sigla.
Tanara Lauschner é filiada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e teve a candidatura apoiada pelo professor da Ufam e líder da sigla no Amazonas, Eron Bezerra. Em outubro de 2023, ela assumiu o cargo de subsecretária para a Amazônia no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, do Governo Lula da Silva.
Apoio
Marco Antônio de Freitas Mendonça tem o apoio de Iraildes Caldas, professora da Ufam e filiada ao PT, partido do presidente Lula, há mais de 30 anos. Caldas possui formação acadêmica diversificada e sólida, dentre elas: Licenciatura Plena em Filosofia pelo Instituto Superior de Filosofia, Teologia, Pastoral e Ciências Humanas da CNBB (1987); Bacharelado em Teologia pelo mesmo instituto (1989); Bacharelado em Serviço Social pela Ufam (1991); Mestrado em Educação pela Ufam (1998); Doutorado em Ciências Sociais/Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003); Pós-Doutorado na Université Lumière de Lyon 2, na França (2015). Suas áreas de atuação incluem Sociologia, Antropologia, Etnologia Indígena, Serviço Social, Gênero e Manifestações Simbólicas, além de Trabalho, Movimentos e Práticas Sociais na Amazônia.
Os candidatos
Por uma Ufam que Humaniza, Inclui e Transforma
Concorrendo nesta chapa, o candidato a reitor Marco Antônio de Freitas Mendonça tem como candidato a vice-reitor Armando Araújo de Souza Junior. O primeiro possui graduação em Agronomia pela Ufam, mestrado em Ciências de Florestas Tropicais pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e doutorado em Agronomia Tropical pela Ufam. Atualmente, é professor de magistério superior, onde ministra disciplinas como Topografia, Topografia Agrícola, Construções Rurais e Instalações Zootécnicas.
Armando Araújo de Souza Junior é administrador de empresas, com ênfase em Comércio Exterior, graduado pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (Ciesa), mestre em Engenharia de Produção pela Ufam e doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Atualmente, é professor associado do Departamento de Administração da Faculdade de Estudos Sociais (FES) e docente do Programa de Mestrado Acadêmico em Administração e Desenvolvimento Regional na Amazônia.
Mudança!
Nesta chapa concorrem à reitoria e vice-reitoria da universidade, respectivamente, Tanara Lauschner e Geone Maia Corrêa. Ela é graduada em Engenharia Elétrica pela Ufam, com mestrado em Ciência da Computação pela UFMG e doutorado em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ). Atualmente, é professora do Instituto de Computação (Icomp) da Ufam.
Geone Maia Corrêa é técnico em Química pela Escola Técnica Federal do Amazonas (Etfam), graduado em Licenciatura e possui mestrado em Química pela Ufam. Também possui doutorado em Química pela UFMG. Atualmente, é professor associado da Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet-Ufam).
Eleição
No primeiro turno, foram registrados 12,9 mil votos, sendo 1,6 mil de professores (as), 1,2 mil de Técnico-Administrativos (as) em Educação, os TAEs, e 9,8 mil de discentes. Também foram computados 108 votos em branco e 95 votos nulos. Ao todo, 33,8 mil membros da comunidade universitária estavam aptos a votar.
Para se eleger no primeiro turno, as chapas precisavam alcançar mais de 50% dos votos válidos, o que não ocorreu. A média dos votos nas chapas mais votadas para o segundo turno foi de 33%.
Veja como ficou a votação:
Chapa Por uma Ufam que Humaniza, Inclui e Transforma – 33,27%
Chapa Mudança! – 33,22%
Chapa A Ufam do Futuro Começa Hoje – 12,46%
Chapa Somos Mais Ufam – 12,91%
Chapa Ufam Karuana – 8,15%
Definição
A eleição é a primeira etapa do processo para a escolha dos novos reitores da Ufam. Após a definição dos dois nomes eleitos — primeiro e segundo lugares, respectivamente —, o Conselho Universitário definirá um terceiro nome. Com a lista tríplice fechada, a escolha ficará a carga do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Seguindo a tradição, o terceiro candidato pode ser de uma das chapas concorrentes.
A eleição de reitores para universidades públicas federais no Brasil está prevista no artigo 16 da Lei nº 5.540/1968, regulamentada pelo Decreto nº 1.916/1996. O processo envolve consultas à comunidade acadêmica e a formação de uma lista tríplice pelo conselho universitário.
O presidente da República, conforme o Artigo 207 da Constituição Federal, possui a prerrogativa de nomear o reitor a partir dessa lista, respeitando a autonomia universitária, mas mantendo a vinculação administrativa ao governo federal.