Comissão de Artes recebe toadas para o álbum de 2026, conforme edital divulgado pela diretoria do boi
O som dos tambores voltou a ecoar nas margens da Ilha Tupinambarana. No curral, entre versos e acordes, o Boi Garantido começa a moldar o espetáculo que dará vida ao tema “Parintins: Portal do Encantamento” — uma proposta que convida o público a redescobrir a própria identidade. Nesta fase de construção, a Comissão de Artes está recebendo as novas toadas que vão compor o álbum de 2026.
O trabalho começou cedo: mais de 50 toadas já foram apresentadas pelos compositores, reflexo de um processo criativo que pulsa no ritmo da ilha. A expectativa é que novas composições sejam enviadas até o dia 20 de novembro, prazo final estabelecido no edital divulgado pela diretoria do boi.
Mais que um projeto artístico, o tema é uma declaração: o Garantido quer transformar a alma de Parintins em arte viva — em som, cor e movimento.
À frente dessa travessia está o presidente Fred Góes, que descreve o tema como uma celebração daquilo que torna Parintins um território mágico e humano.
“Parintins é esse catalisador de energias que transbordam do ser humano para fora. O Garantido vem revisitar sua origem e aquilo que é mais importante para o país cultural, não só da nossa cidade, mas de toda a Amazônia”, explica.
Para Fred, o encantamento não é uma ideia abstrata, mas uma força real que se manifesta na arte e nas pessoas. “A arte é uma ferramenta de equilíbrio, de harmonia. Ela é a percepção do que há de mais sensível no ser humano”, resume.
A proposta é que o espetáculo de 2026 traduza esse sentimento em cada alegoria, figurino e toada — um convite à comunhão entre o humano e o sagrado, entre o chão de Parintins e o mistério da imaginação.
Parintins como ponto de partida e destino
O vice-presidente Marialvo Brandão acrescenta que o tema nasce de uma pesquisa antropológica e espiritual que reconhece a Ilha como um dos “portais energéticos” do planeta.
“Parintins é um dos quatro portais mais importantes da Terra. O Garantido vai abraçar nossas crenças, danças e tradições de maneira ampla, materializando tudo isso em três noites de espetáculo fundamentadas em pesquisa e conhecimento”, afirma.
A Comissão de Artes atua unindo visões complementares — cada artista com sua sensibilidade, guiado pela mesma bússola: transformar Parintins em metáfora e matéria-prima do encantamento.
A musicalidade como espelho da alma do boi
No setor musical, o ritmo é intenso. Segundo o diretor musical do Garantido, Alder Oliveira, os compositores abraçaram o tema de forma espontânea, e o número de criações já ultrapassa as expectativas.
“Antes mesmo do edital, os compositores já estavam escrevendo. São mais de 50 toadas nesta primeira semana, e a previsão é superar os números de anos anteriores”, diz.
Alder destaca que o segredo do Garantido está na liberdade criativa, permitindo que cada compositor traduza o encantamento à sua maneira. “A gente não pode bloquear os compositores. Às vezes, vem coisa muito valiosa deles. Esse é o segredo do Garantido”, comenta.
Para o músico e produtor Enéas Dias, o desafio do boi é equilibrar o sagrado da tradição com a ousadia do espetáculo moderno.
“O boi vive em dois momentos. A raiz está na Alvorada, na nossa tradição. A arena é disputa, espetáculo. O segredo é equilibrar: manter o pé no terreiro e abrir espaço para novas sonoridades. A toada sai na frente, e a cena evolui com ela. Tudo precisa conversar para emocionar quem assiste”, explica.
Em 2026, o Garantido quer abrir o “Portal do Encantamento” não apenas no Bumbódromo, mas também no imaginário de quem acompanha sua história. Cada noite do Festival será um ritual de criação coletiva, um reencontro entre passado e futuro — entre o que Parintins foi e o que continua sendo: um espaço onde o real e o mítico coexistem.
“A gente traz nossa alma de presente para o futuro. Cada festival reafirma nossa posição de que a arte é o que nos faz humanos”, conclui Fred Góes.
Assessoria de Comunicação do Movimento Amigos do Garantido (MAG)
Texto: Mafê Santana
Imagens: Samy Lima
Edição de vídeo: Franco Nascimento
Edição de texto: Arnoldo Santos
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