O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) vai reunir jovens brasileiros e venezuelanos para formularem soluções pensadas nas necessidades e desafios de crianças e adolescentes refugiados e migrantes do Amazonas, na região norte do país. A maratona social Chama na Solução é uma iniciativa do escritório do Unicef em Manaus e tem por objetivo criar uma rede de protagonismo jovem na cidade, ouvindo e conectando a juventude para a criação de soluções sociais. Podem participar jovens residentes no Estado do Amazonas com idade entre 14 e 24 anos. As inscrições são online e seguem até o dia 16 de novembro.
Toda a metodologia foi desenvolvida e adaptada para o ambiente digital, tendo como prioridade ferramentas de fácil manuseio e sem exigência de alta velocidade de internet, considerando dificuldades de conexão que parte dos participantes possam enfrentar. Serão encontros imersivos, oficinas de criação em equipes e mentorias com profissionais do UNICEF e parceiros que atuam na resposta humanitária ao fluxo migratório de venezuelanos na capital do Amazonas. A expectativa é envolver uma centena de jovens para discutir e propor respostas criativas para sete desafios envolvendo educação, proteção, saúde, nutrição, água e saneamento, engajamento e participação de adolescentes e geração de renda e empregabilidade.
“Queremos despertar adolescentes e jovens engajados para trabalhar de forma colaborativa, trazendo soluções reais para vida dessas pessoas, trazendo novas possibilidades de ação do poder público e da sociedade civil, gerando escala de impacto para essas propostas”, afirma Débora Nandja Madeira, chefe do escritório do UNICEF em Manaus. Ao final da maratona, os jovens vão apresentar o protótipo das ideias desenvolvidas em formato de pitch – uma breve exposição que tem o objetivo de convencer os avaliadores sobre a pertinência da proposta para solução do desafio social enfrentado. As equipes pré-selecionadas pela banca técnica, segundo critérios como inovação e aderência à proposta, receberão uma premiação, incluindo 35 tablets acompanhados de kits de aprendizagem.
O Brasil registrou, desde 2017, a entrada de mais de 264 mil imigrantes, refugiados e requerentes de asilo de nacionalidade venezuelana. Estima-se que cerca de 30% desta população seja composta por crianças e adolescentes. A maior parte do fluxo migratório acontece pela fronteira no norte de Roraima, onde foram instalados abrigos oficiais e centros de triagem administrados pelo Exército Brasileiro e pela Agência da ONU para Refugiados – ACNUR.
Estados vizinhos como o Amazonas e Pará também recebem a população venezuelana e buscam, por meio de diversos atores, minimizar a situação de vulnerabilidade dessas famílias. A estimativa é de que 25 mil migrantes e refugiados vivem no Amazonas. Dentre os migrantes, comunidades indígenas venezuelanas que somam mais de 4.600 pessoas das etnias Warao (81%), Pemon Taurepan (17%) e Eñepa (2%), com cerca da metade dessas populações vivendo em Roraima e, as demais, no Amazonas e no Pará.
“A pandemia da Covid-19 trouxe desafios ainda maiores para a garantia dos direitos e a oferta de serviços básicos para essa população. Precisamos pensar em propostas de intervenções inovadoras e para isso é fundamental que esse processo seja inclusivo. Vamos ouvir brasileiros e venezuelanos, especialmente os jovens. Eles e elas precisam ser parte da solução”, ressalta Sidney Vasconcelos, Oficial de Educação do UNICEF em Manaus e co-líder da iniciativa que conta com apoio técnico do Impact Hub Manaus e da DePropósito Comunicação de Causas.
“Um milhão de oportunidades”
A maratona social está inserida no contexto da articulação nacional intitulada “Um milhão de oportunidades”, parte do programa global Generation Unlimited (Geração Que Move, no Brasil) que reúne oportunidades voltadas a jovens de 10 a 24 anos de todo Brasil, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade social. “Parte do esforço desse pacto nacional busca fortalecer o protagonismo de adolescentes e jovens. Reunir e ouvir esses jovens para co-criar soluções é primordial para que essas transformações atendam a necessidade dessa geração”, comenta Ítalo Dutra, Chefe de Educação do UNICEF no Brasil. As oportunidades geradas pela iniciativa podem ser consultadas no site aqui.
Com informações da Assessoria