Rafael Fernandez Rodrigues foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado, nesta quinta-feira (28), por matar a facadas a Miss Manicoré, Kimberly Karen Mota de Oliveira, de 22 anos. O julgamento do réu teve início na quarta-feira (27) e foi concluído nesta quinta-feira.
O julgamento estava previsto para ser encerrado na noite de quarta, mas foi adiado e continuou na manhã de quinta, com os 22 minutos finais de debate do advogado de defesa Josemar Berçot. Depois, o Conselho de Sentença se reúne para analisar tudo o que foi apresentado na sessão de julgamento.
O julgamento teve fim durante a tarde, após a juíza de direito titular da 2.ª Vara do Tribunal do Júri, Ana Paula de Medeiros Braga Bussulo, ler a sentença de Rafael Fernandes, que foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado.
Kimberly Karen Mota de Oliveira era Miss Manicoré na época do crime. — Foto: Reprodução/Redes Sociais
O réu Rafael Fernandez Rodrigues iniciou seu interrogatório a partir de 15h04 e durou pouco menos de uma hora. Orientado pela defesa ele não respondeu às perguntas das duas promotoras de justiça, limitando-se a responder às perguntas da magistrada presidente e do advogado de defesa.
Durante o interrogatório, perguntado pelo advogado de defesa, Josemar Berçot, se a causa da morte de Kimberly teria sido por ciúme, o réu Rafael Fernandez Rodrigues afirmou que não, e, que o motivo teria sido supostas mentiras contadas pela vítima.
“Ela mentiu olhando nos meus olhos sobre algo que eu já sabia”, disse Rafael, durante o interrogatório, afirmando ainda que teria visto notificações de mensagens no celular dela.
Primeiro dia
No primeiro dia de julgamento, o acusado da morte de Kimberly Oliveira, foi interrogado diante dos jurados, após cinco testemunhas de acusação e quatro testemunhas de defesa serem ouvidas.
A primeira testemunha de acusação ouvida foi a mãe da vítima, Neylla Pinheiro Mota. Ela foi ouvida por meio de videoconferência, uma vez que se encontra hospitalizada em uma unidade de saúde da capital.
Ela respondeu aos questionamentos da promotoria e da defesa. Outras quatro testemunhas de acusação foram ouvidas. A última também foi convocada pela defesa, que ouviu mais três pessoas.
Sentença de Rafael Fernandez Rodrigues foi decidida nesta quinta-feira (28). — Foto: Divulgação/TJAM
A morte
Rafael é natural de São Bernardo do Campo (SP) e se mudou para Manaus em 2017, quando ingressou no Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região – Amazonas e Roraima (TRT11). Kimberly era Miss Manicoré e cursava odontologia da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro).
Rafael e Kimberly se conheceram em uma boate de Manaus, mas, segundo a investigação, ele já acompanhava a miss pelas redes sociais antes mesmo de se relacionarem.
O crime aconteceu em maio de 2020. Na ocasião, o corpo da Miss Manicoré foi encontrado em um apartamento, no Centro de Manaus, onde Rafael Fernandez Rodrigues morava.
A fuga
Quando o corpo da Miss Manicoré foi encontrado pela polícia, Rafael Fernandes já estava na estrada na tentativa de fugir para outro país há quase 24 horas. As investigações da polícia e as buscas por ele tiveram início logo após o corpo ser achado.
A entrada de Rafael no estado de Roraima foi registrada em uma barreira sanitária na vila do Jundiá, em Rorainópolis, na divisa com o Amazonas. A fiscalização pega dados de passageiros para ficha epidemiológica sobre o coronavírus.
No dia 13 de maio, a Polícia Civil de Roraima encontrou o carro de Rafael capotado na BR-174, em Caracaraí, ao Sul do estado. A suspeita era de que ele planejava fugir para a Espanha, passando pela Venezuela. A Polícia Civil do Amazonas chegou a informar que ele havia conseguido entrar no país.
De acordo com a polícia, Rafael pegou carona e depois um táxi até Caracaraí, onde fez um saque, após o carro ter capotado. Depois, ele seguiu para Boa Vista, onde retirou mais dinheiro e seguiu para Pacaraima, município ao Norte de Roraima e que faz fronteira com a Venezuela.
O delegado geral de Roraima, Herbert Amorim, informou que Rafael passou pelo Exército brasileiro e tentou entrar na Venezuela, mas foi impedido pela Força Nacional do país vizinho antes de ser preso.
Após a tentativa de fuga frustrada, Rafael retornou para Pacaraima, município ao Norte e que faz fronteira com a Venezuela. Ele se escondeu em uma cabana improvisada em região de mata e pagou para que venezuelanos fizessem a sua guarda pessoal.
“Quando os agentes receberam a informação de que ele estava escondido, foram verificar e encontraram seis venezuelanos que atacaram os policiais civis com facões. Foi necessário pedir ajuda da PM, que foi informada que Rafael estava escondido na mata”, explicou Amorim.
Com novas buscas e apoio de policiais militares, Rafael foi preso na tarde do dia 15 de maio. Junto com ele também foram presos dois venezuelanos, de 24 e 17 anos, por crime de favorecimento pessoal.
Rafael Rodrigues foi preso em um barraco numa área de mata em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela — Foto: Arquivo pessoal.
Fonte G1