Máquinas de fabricar vassouras com a fibra vegetal estão em pleno funcionamento
Adquiridas com incentivo do Governo do Estado, por meio da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), máquinas para fabricação de vassouras de piaçava estão em pleno funcionamento em Barcelos (a 399 quilômetros de Manaus). Desde a entrega dos 29 equipamentos aos trabalhadores, por meio de doação onerosa, mais de 12 mil unidades foram produzidas por piaçaveiros do município.
“O incentivo à cadeia produtiva da fibra vegetal, principal fonte de renda da população local, garante a sustentabilidade do processo, a valorização do produto, desde a sua extração até a comercialização, e, consequentemente a geração de emprego e renda”, destaca Michelle Bessa, diretora-presidente da ADS.
Embora Barcelos tenha sido a primeira a aderir ao edital de doação onerosa, as cidades de Fonte Boa, Careiro Castanho, Carauari, Presidente Figueiredo e Santo Antônio do Içá também solicitaram a aquisição das máquinas, uma vez que o certame está vigente até 18 de maio de 2023 e prevê a doação de até 100 equipamentos (http://www.ads.am.gov.br/wp-content/uploads/2022/05/EDITAL-MAQUINA-DE-VASSOURAS.pdf).
O maquinário entregue pela ADS é utilizado para fabricação de vassouras com três tipos de fibras: a piaçava, que é extraída de algumas espécies de palmeiras e é encontrada em apenas dois estados do Brasil (Amazonas e Bahia), sendo que o município de Barcelos, localizado no Médio Rio Negro, concentra 95% de toda a matéria-prima; o cipó-titica, também encontrado com facilidade na Floresta Amazônica; e as fibras de garrafa PET.
Conforme a Cooperativa dos Piaçaveiros do Alto e Médio Rio Negro (Coopiacamarin), que adquiriu as primeiras máquinas, cada equipamento fabrica até 300 vassouras por semana e, com a grande capacidade produtiva, os trabalhadores estudam novas alternativas para escoar a produção na região e outros estados do Brasil. Outra vantagem é que as máquinas não precisam de energia elétrica, então podem ficar em qualquer município, em ramais ou sítios.
Incentivo
As ações de fortalecimento do setor envolvem ainda o pagamento da subvenção para os extrativistas da piaçava, uma ação inédita do Governo do Amazonas, assim como ocorre com a juta, malva, borracha natural e o pirarucu manejado. Com o apoio, o produto passou a ser comercializado no mercado com a subvenção de R$ 0,50 por quilo vendido.
Todos os piaçaveiros podem ser beneficiados com a subvenção, sejam indígenas ou não indígenas. A solicitação é feita individualmente ou por meio de organizações sociais (cooperativas/associações), desde que apresentem as documentações exigidas no edital.
O chefe do Departamento de Negócios Florestais da ADS, Jardel Luzeiro, destaca que os trabalhadores desse segmento contam com o apoio do Governo do Estado. “Muitos piaçaveiros foram beneficiados com a subvenção. Para compor a cadeia produtiva, o governo lançou a doação onerosa de máquinas de fabricar vassoura. Com isso, os piaçaveiros não têm apenas a oportunidade de vender a fibra, mas também agregar valor fabricando vassouras para comercializar e, assim, obter um maior ganho ou lucro”, disse.
Em 2022, foram beneficiados 161 piaçaveiros da cidade de Barcelos com o pagamento da subvenção no valor de R$ 486 mil, referente a 972 mil quilos de fibras. O presidente da Coopiacamarin, Séder Helio, atua na extração da fibra vegetal há mais de 13 anos e reconhece a importância das políticas do Governo para a população local.
“Graças ao incentivo do Governo do Estado, com essa nova parceria que a gente fez junto à presidente da ADS, Michele Bessa, que reconheceu a causa e o trabalho dos piaçabeiros e da cooperativa, tivemos grandes resultados. Se a gente consegue fazer a vassoura, e não apenas vender a fibra, podemos gerar mais emprego, renda e agregar valor ao produto da piaçava”, salienta Séder.
Atividade
O extrativismo ecológico da piaçava gera em torno de 2 mil empregos em Barcelos, conforme a cooperativa que representa o setor. Os trabalhadores atuam nas proximidades dos igarapés dos rios Aracá e Padauiri, principais afluentes do Rio Negro, como é o caso de Adriel da Cruz, de 23 anos.
“É um trabalho como qualquer outro, depende do esforço. Gera emprego para nós. Precisamos mesmo ter um trabalho, tem material aqui para fazer as vassouras, é um projeto bom”, diz o piaçaveiro.