As investigações da operação Lava Jato descobriram o caminho percorrido por R$ 6 milhões que os delatores da empresa JBS, dos irmãos Batista, revelaram ter sido repassados ao senador Eduardo Braga (MDB-AM) como propina na eleição de 2014 no Amazonas. A empresa Rico Táxi Aéreo teria sido a beneficiada com o recurso ilegal.
Outras informações que circulam nos bastidores dão conta de que parte do dinheiro pagou R$ 300 mil em pesquisas eleitorais, em 2014, quando o parlamentar tentou voltar ao cargo de governador.
As investigações também descobriram que outra grande parte do dinheiro foi trocada em cheque em um supermercado do bairro Vieiralves, de uma rede varejista na zona centro-sul de Manaus.
A descoberta quebra a tese da defesa do senador, que até aqui sustentou que o valor teria sido empregado apenas em transporte aéreo.
A Rico e as declarações de gastos
Em outra linha de investigação, inquérito aberto no STF apura se Braga teria mascarado a propina de R$ 6 milhões, conforme a delação de executivo da J&F, com aluguel de aeronave da Rico na campanha de 2014.
A imprensa, em reportagens da época, chegou a exibir cópias de duas notas fiscais que teriam sido emitidas pela Rico justificando despesas feitas por Braga em 2014. As notas seriam de R$ 2,2 e 3,8 milhões, fechando os R$ 6 milhões.
O senador Braga disse à época, ao site Amazonas Atual, a menos de um mês do segundo turno da eleição de 2014, que os gastos com o aluguel de aeronave naquela campanha só iam aparecer na prestação de contas final.
Ele já havia feito duas prestações parciais até aquele momento, e nelas não constavam gastos com transporte aéreo. “Vamos aguardar a prestação de contas final. Nós não temos nada a esconder e há dinheiro em caixa para cobrir essas despesas”, disse ele em setembro de 2014.
Na prestação final das contas daquela campanha, Braga declarou gastos de pouco mais de R$ 750 mil com viagens aéreas.
Na campanha de 2017, quando tentou se eleger governador tampão e foi derrotado por Amazonino Mendes (PDT), Braga voltou a contratar a Rico para suas viagens. Em sua prestação de contas parcial à Justiça Eleitoral, informou gastos de mais de R$ 334 mil com a empresa.
Mais tempo para investigação
Outra informação que circula diz que, com base nessas informações, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu mais 60 dias para aprofundar as investigações.
O pedido já foi deferido pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin.