Companhia de Teatro Apareceu a Margarida realiza terceira montagem baseada nas dramaturgias de Sérgio Cardoso, sob direção de Douglas Rodrigues
Ambição, morte, vaidade e poder nos anos 20, na fictícia cidade de Lazone, são motes do espetáculo de comédia ‘Ambrozhya e o Phantasma da Arte’, baseado na obra de Sérgio Cardoso, que estreia neste sábado (30/3), no Teatro Amazonas, às 20h, com entrada gratuita. A montagem é da Companhia de Teatro Apareceu a Margarida, com direção cênica de Douglas Rodrigues.
Segundo Cardoso, “Ambrozhya e o Phantasma da Arte” é uma tragicomédia e uma crítica social e política de época sobre os fazeres culturais. Escrita em 1981, a obra conta a história de uma família, em uma cidade abandonada após uma crise, que tenta sobreviver financeiramente por meio da promoção de espetáculos artísticos.
A trama se desenrola após o quadro de um pintor lazonense Leone Castomante ser vendido por 100 mil libras em uma casa de leilões, na cidade de Londres. Sabendo dessa informação, a família promove um evento para celebrar os 20 anos do desaparecimento inexplicável do pintor, que é o fantasma da arte que paira sobre Lazone. “Ambrozhya” consta na coletânea de Cardoso, “Livro do Teatro Urbano das Mulheres de Lazone”.
“A obra sempre terá um conteúdo atual, pois fala sobre os fazeres culturais. Em 1980, quando o País ainda estava em um processo de abertura política, a situação era ainda pior, pois não havia fomento aos artistas, que viviam à míngua”, comenta o autor. “A história também envolve muito suspense e terror sobrenatural. Estou muito honrado e orgulhoso pela montagem”, destaca Sérgio Cardoso.
A peça conta no elenco com atores já experientes do cenário artístico amazonense como Geraldo Langbeck (Gervásio), Michel Guerrero (Ambrozhya), Paulo Altallegre (Carlessônio Wolfgang), Thais Vasconcellos (Leona), Luso Neto (Sir. Fergunson), Karol Medeiros (Laura Amphíbia) e Israel Castro (Suplício).
Ator e diretor da Companhia Apareceu a Margarida, Michel Guerrero ressalta que, em mais uma parceria com o autor, é gratificante apresentar uma dramaturgia que traz críticas tão incisivas ao cenário artístico.
“É uma dramaturgia muito forte, dentre tantas outras que o Sérgio Cardoso imprime em sua biografia”, diz Guerrero. “Quando ele trata de temas como famílias em uma época pós-crise, análoga à crise da borracha de Manaus, a obra mostra como uma cidade sofre e as consequências disso em várias nuances, como a artística. Lazone é desértica e sombria e a sociedade ‘Líteromusical’ que Ambrozhya administra, que outrora era conceituada e assistida, passa a não mais ter os recursos que tinha e fica desprestigiada. É uma obra que contém diversos temas atuais”, declara.
O espetáculo tem assinatura musical de Taiara Guedes e conta com o apoio cultural de Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, Prefeitura de Manaus e Federação do Teatro do Amazonas (Fetam).
A peça – A trama se desenrola na casa de Ambrozhya Fagundes de Leão, sede da Sociedade Líteromusical Leone Castomante, onde todos estão falidos. A matriarca fica transtornada, pois 20 quadros do artista, que pintava araras, papagaios e passarinhos, estão guardados no porão de casa. O espírito de Leone Castomante paira sobre a cidade em silêncio, pois é o Fantasma da Arte. Carlessônio, filho de Ambrozhya, descobre a existência da única descendente de Leone, a senhorita Leona, que vive no Rio de Janeiro.
Imediatamente, a família ambiciosa arranja uma forma de atraí-la até Lazone e forja as comemorações do vintenário do finado, e, para tal, manda buscá-la no intento de matá-la, pretendendo, assim, voltar à evidência social e política, mobilizando o sistema em torno das falsas comemorações de morte do artista.
Após a estreia, a peça “Ambrozhya e o Phantasma da Arte” terá temporada para os meses de maio e junho, aos domingos, em teatro a ser definido.
Terceira montagem – Esta é a terceira montagem com dramaturgias de Sérgio Cardoso realizadas pela Companhia de Teatro Apareceu a Margarida. A primeira foi ‘Gabriel Drago, o vampiro do Teatro Lazone’, de 2001, com patrocínio da extinta Fundação Villa-Lobos.
Já a segunda foi o sucesso ‘A herança maldita de Mercedita de La Cruz’, de 2006, que ficou dez anos em cartaz, com um público estimado em mais de 60 mil espectadores e participação em festivais nacionais de teatro no Acre, Amapá e Rio de Janeiro. A companhia comemora 21 anos de atividades ininterruptas nos palcos.
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