“Se a polícia pega, a mãe ainda tem um filho. Mas quando o tráfico pega, acabou”, enfatizou o Tenente Abraão, em desabafo, durante operação da 20ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), neste domingo (30). Ele coordenava a equipe da PM que foi chamada para a rua Chuveirinho, bairro Tarumã, zona Oeste, onde um homem de 38 anos foi morto na frente do filho de oito anos.
Quando o Instituto Médico Legal (IML) iniciou a retirada do corpo da vítima, a família do morto e populares continuaram ao redor, assistindo à cena. Tocado, o Policial Militar foi até a frente dos enlutados e falou a todos.
“Quando a polícia pega [um suspeito de crime], todo mundo reclama, ‘ah, porque bateu no meu irmão’. Mas no dia que a polícia pega, dá ‘uns pescoção’, joga na viatura, uma mãe [ainda] tem filho. No momento que o tráfico pega, acabou”, disse o Tenente Abraão, aos presentes.
Enquanto falava, todos passaram a dar atenção a ele. Ao seu lado, ouvia atentamente o irmão do homem assassinado. Ele preferiu não se identificar para esta matéria. De cabeça baixa, olhos assustados, concordava com as falas do Policial Militar.
“A gente tem um preço a pagar [quando entra no tráfico]. Um rapaz jovem e as crianças ficaram órfãs, porque ele estava tentando sair, mas não conseguiu. Não sai. Então você, antes de entrar nessa vida, pense duas ou três vezes”, falou ainda o agente de segurança.
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Durante a sua conversa com os populares, atrás dele, o IML terminava a perícia do local do crime. A chuva fraca de domingo molhava a todos, os policiais, populares, parentes do morto e o corpo da vítima.
Fonte: Em tempo