A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), realiza, desde o início do mês, o Março Laranja, com a Campanha Municipal de Combate ao Bullying 2022 em toda rede de ensino do município, com alunos da educação infantil até a Educação de Jovens e Adultos (EJA). A temática faz parte da lei nº 2.104/2016, que institui no calendário escolar da capital amazonense ações relacionadas aos vários tipos de bullying como: físico, verbal, sexual, psicológico e ciberbullying.
A Semed realiza o trabalho pedagógico contra o bullying desde 2006. A Gerência de Atividades Complementares e Programas Especiais (Gacpe) é responsável pela execução da campanha na rede municipal, com atividades como palestras, rodas de conversa, oficinas, produção de textos, pesquisas sobre a temática não apenas local, mas também em âmbito nacional, links de pesquisa, vídeos e filmes para ser discutido no ambiente escolar, entre outras ações.
A coordenadora das Ações de Prevenção e Enfrentamento às Violações dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes do Gacpe da Semed, Eliana Hayden, falou sobre a campanha.
“Quando inicia o mês de março, as escolas já começam a se mobilizar. A gente realiza as orientações de como vai ser a campanha durante o ano, onde as escolas já fazem todas as atividades. A gente tem que fazer esse trabalho intenso para diminuir essa violação. Antes, a gente trabalhava de outra forma, com prevenção às violências nas escolas, mas agora a gente trabalha essa questão do bullying, agora com a lei é mais importante, a qual assegura as nossas ações”, comentou.
O bullying escolar pode envolver crianças de várias maneiras, fazendo com que assumam papéis diferentes, como: vítima, agressor e vítima-agressora, ferindo ou magoando a vítima, podendo ocorrer de três maneiras: agressões físicas diretas; agressões verbais diretas; e agressões indiretas.
Ações
A escola municipal José Tavares de Macêdo, no bairro Santa Luzia, zona Sul, com 342 alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, é uma das unidades de ensino, que realiza atividades no mês de março, como: conversa informal e amostra de vídeo sobre o bullying, produção de texto, cartaz, desenhos e leitura. Para a diretora, Edenilza Serrão de Souza, a escola tem toda uma preocupação sobre esse problema que faz parte do cotidiano.
“As crianças que sofrem bullying não externam isso para os pais e nem para o professor. Nosso papel é de suma importância em trabalhar essa temática, não só no mês de março, mas o ano todo. Esse problema é uma vivência, que a gente precisa estar no diálogo constante com os pais, com os alunos, com os professores, para que isso não venha acontecer no ambiente escolar e nem em casa”, observou.
Há 12 anos a professora Maria Rita de Souza trabalha a temática na escola. Ela ressaltou as atividades realizadas no combate ao bullying dentro do ambiente escolar e até mesmo entre os familiares.
“O trabalho é feito durante o ano todo, porque não tem uma data específica para o bullying, que acontece todo o tempo. O bullying é uma coisa muito perigosa, principalmente nessa faixa etária. Quando identificamos os casos, é chamado o pai para conversar com a pedagoga da escola. Trabalhamos com a família, porque o bullying vem de fora da escola, sendo um vício da família com os apelidos”, concluiu.
O aluno do 5º ano matutino, Kael Ferreira Costa, 10, afirmou que nunca sofreu de bullying, mas já presenciou casos na escola, em que afirmou que é algo que pode acontecer com qualquer pessoa, independentemente da idade.
“A gente pode ajudar os alunos que sofrem bullying a ter coragem e falar para os pais ou professores para não acontecer mais isso. Quando acontecer alguma coisa com a gente de apelido é para falar com a nossa professora, que vai resolver. Teve uma vez que meu colega não teve coragem de contar para a professora, mas eu falei com ela sobre o que aconteceu e o menino parou de fazer”, comentou
Debate
O Março Laranja busca promover, no âmbito escolar e na sociedade, o debate sobre o bullying nas escolas, estimulando campanhas educativas e informativas, bem como a sensibilização, o diagnóstico e a prevenção desse tipo de violência, envolvendo a comunidade, os pais, professores e outros profissionais que atuam nas áreas de educação e de proteção à criança e ao adolescente.
Todas as formas de violência escolar violam os direitos fundamentais à educação. Nenhum país pode atingir uma educação inclusiva e de qualidade se os alunos estiverem expostos à violência. A violência escolar, onde se enquadram o bullying e o ciberbullying, pode ainda afetar seriamente a saúde e o bem-estar das crianças e dos adolescentes, com consequências negativas que podem persistir até a idade adulta.