As ações de prevenção ao câncer do colo do útero serão intensificadas pela Prefeitura de Manaus, durante o Março Lilás, mês dedicado à conscientização sobre este tipo de câncer que na região Norte é o mais frequente entre as mulheres e que de acordo com previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca), deve gerar 580 casos novos na capital, até o final 2022.
Com ampliação da oferta de exames preventivos para o público prioritário de 25 a 64 anos e vacinação contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos, além de orientação sobre cuidados, diagnóstico e tratamento de lesões no colo do útero, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) deu início, na manhã de sexta-feira, 4/3, à programação que será realizada na rede municipal de saúde até o próximo dia 31.
A titular da Semsa, Shádia Fraxe, enfatizou durante a abertura da campanha, na Clínica da Família Desembargador Fábio do Couto Vale, zona Leste, que o exame preventivo (citopatológico), também chamado de Papanicolau, está disponível nas unidades básicas de saúde e que é necessário incentivar o acesso das mulheres e dos homens trans (pessoas do sexo feminino que se identificam com o gênero masculino) para garantir a identificação precoce de lesões relacionadas ao câncer do colo do útero.
“Precisamos tirar a região Norte do primeiro lugar do país em incidência deste tipo de câncer”, disse a secretária. Ela destacou que, neste sentido, a prefeitura está trabalhando fortemente para desmistificar a vacinação contra o HPV, vírus responsável por 99% dos casos de câncer do colo do útero. Além disso, segundo a gestora, as unidades básicas de saúde estão sendo orientadas a garantir atendimento humanizado e resolutivo, oferecer informação ampla e adequada, acolher com respeito e sensibilizar as pessoas para que retornem para receber o resultado dos exames e seguir com as recomendações necessárias.
Apenas em 2021, mais de 180 mulheres morreram em decorrência do câncer do colo do útero em Manaus. No ano anterior, foram 200 mortes. “Esse é um é câncer prevenível e estamos trabalhando junto com a população para fazer deste Março Lilás uma campanha de resultados concretos, que mudem essa realidade”, enfatizou Shádia Fraxe.
A secretária explicou que os dois primeiros exames preventivos devem ser anuais e, se os resultados forem normais, devem ser realizados a cada três anos. Ela também enfatizou a necessidade do uso frequente do preservativo nas relações sexuais para evitar a transmissão do HPV.
Fila zero
O subsecretário de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, também presente na abertura da programação, informou que a Semsa vai dobrar, em março, o número de exames preventivos realizados na rede municipal, e que até o final deste ano devem ser coletadas, pelo menos, 240 mil amostras.
Djalma salientou que atualmente não existe fila para a realização de biópsia na capital e que as mulheres podem ter acesso a esse procedimento para confirmação do diagnóstico imediatamente após a identificação de lesões precursoras do câncer nos exames preventivos.
O subsecretário destacou que o município possui dois Serviços de Referência para Diagnóstico e Tratamento de Lesões Precursoras do Câncer do Colo do Útero (SRC), que funcionam na Policlínica Castelo Branco, na zona Centro-sul, e na Policlínica Doutor Antônio Comte Telles, na zona Leste, nos quais são realizadas colposcopias e biópsias.
Responsável pela área de Saúde da Mulher no Departamento de Atenção Primária à Saúde (APS) da Semsa, a enfermeira Gerda Costa destacou a relação entre lesões na cavidade bucal e o câncer do colo do útero e informou que uma ação adicional do Março Lilás será a identificação dessas lesões nos consultórios odontológicos da rede municipal de saúde.
Gerda também destacou a parceria da Semsa com outras secretarias e instituições para dar amplitude às ações de promoção à saúde junto aos diferentes públicos. Ela enfatizou que as secretarias municipais de Educação (Semed) e da Mulher, da Assistência Social e da Cidadania (Semasc), por exemplo, terão ações em parceria com a Semsa ao longo do mês, visando fortalecer a informação e o acesso aos serviços de prevenção oferecidos pelo sistema público de saúde.
A subsecretária da Semasc, Graça Prola, disse que o Março Lilás representa a garantia dos direitos da saúde da mulher, ampliando o acesso das mulheres ao exame citopatológico. “Ter acesso à saúde é ter acesso à vida e é isso o que nós defendemos”.
A importância da atenção primária, realizada pela Semsa, por meio da prevenção e da promoção à saúde, foi destacada pela enfermeira Marília Muniz, coordenadora estadual da Atenção Oncológica.
Marília enfatizou que a faixa etária de 25 a 64 anos é prioridade para os exames preventivos por ser a de maior risco para o desenvolvimento do câncer do colo uterino e que a intensificação do trabalho da atenção primária deve ter impacto positivo na atenção terciária, relativa à assistência hospitalar. “Esperamos não receber mais mulheres em fase avançada deste tipo de câncer na Fundação Cecon”.