O número de concluintes em cursos voltados à formação de professores (Pedagogia e Licenciatura) na modalidade de Educação a Distância (EAD) cresceu 109,4% na rede privada entre 2010 e 2020, aponta nota técnica divulgada nesta quarta-feira pela ONG Todos Pela Educação.
No mesmo período, os concluintes na modalidade presencial (tanto na rede pública como na rede privada) diminuíram, com queda mais acentuada justamente na rede privada presencial. O estudo aponta ainda seis de cada dez alunos que concluíram os cursos de Pedagogia e Licenciatura em 2020 no país estão modalidade EAD (61,1%). Nos demais cursos do ensino superior brasileiro, esse número é 24,6%.
— A formação inicial de professores na modalidade EAD, que deveria ser uma exceção, se tornou a principal estratégia de formação docente no país, o que é extremamente grave. Formar professor é coisa séria. Precisa de tempo, de discussões aprofundadas sobre a docência, de vivência nas escolas, de simulações de situações reais de sala de aula. O Ministério da Educação precisa melhorar os processos regulatórios e a avaliação que faz dos cursos. Não podemos ter essa proliferação de cursos, sem clareza sobre a qualidade da formação inicial que vem sendo ofertada para os nossos futuros professores — afirma Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.
Realizada com base no Censo da Educação Superior, a pesquisa revela ainda que o percentual de concluintes na modalidade EAD na formação de professores nunca cresceu tanto como entre 2019 e 2020. O acréscimo foi de 9,1 pontos percentuais (passou de 52% em 2019 para 61,1% em 2020). Os dados mostram, no entanto, que a tendência já vinha ganhando espaço mesmo antes da pandemia da Covid-19 e da suspensão das aulas presenciais por um longo período nas instituições de Ensino Superior.
FONTE: EXTRA