Autoridades do Catar tomaram uma bandeira de Pernambuco de brasileiros, após a partida entre Arábia Saudita e Argentina na Copa do Mundo, nesta terça-feira (22). Segundo testemunhas, eles pegaram a bandeira, jogaram no chão e pisaram, por terem pensado que se tratava de uma bandeira LGBTQIA+, devido ao arco-íris presente na ilustração.
O caso aconteceu na frente do Lusail Stadium, em Doha, logo após a partida entre Arábia Saudita e Argentina. “Pessoal, eu estou nervoso, tremendo, de fato, porque a gente estava com a bandeira de Pernambuco. […] Estou aqui com alguns voluntários. Ela é de Recife. Desculpa, eu estou tremendo, porque fui atacado por alguns integrantes do Catar, pessoas com essa roupa e também policiais porque eles vieram para cima das meninas achando que era uma bandeira LGBT, mas, na verdade, é apenas a bandeira de Pernambuco. Fui filmar e eles pegaram meu telefone e só devolveram me obrigando a deletar o vídeo que eu fiz. Eu só consegui meu celular de volta porque eu deletei o vídeo que eu fiz. Isso é um absurdo porque a gente tem a autorização da Fifa para filmar absolutamente tudo, aqui no estádio”, disse o jornalista Victor Pereira, que presenciou o fato, em vídeo divulgado nas redes sociais.
“Estou com um upgrade pass, que é a autorização para filmar em lugares públicos, filmar tudo por aqui. E aí tinha acabado de sair do jogo entre Arábia Saudita e Argentina, estava aqui na frente gravando algumas coisas e a gente viu brasileiros. A gente sempre vai em cima dos brasileiros para gravar e tudo mais”, conta.
De acordo com ele, ao abordar os torcedores brasileiros, pegaram a bandeira de Pernambuco para fazer uma foto, quando tudo aconteceu.
“Dei o meu celular para uma outra pessoa tirar a foto. Quando eu vou no meu celular para ver a foto, que volto, está uma confusão lá, o cara pegando a bandeira de Pernambuco, jogando no chão, pisando. Minha reação foi pegar meu celular e gravar absolutamente tudo. Quando eles viram que eu estava gravando, vieram para cima de mim. Pessoas com credencial e também policiais vieram para cima de mim. E o cara pegou meu celular. Pegou, tomou da minha mão, e ameaçou jogar no chão”.
Neste momento, Vitor relata que afirmou que é jornalista e mostrou a credencial. Ao que o homem teria respondido “não importa, não importa, delete, delete”.
Em seguida, um policial pegou o celular e ordenou que ele destravasse pelo reconhecimento facial para deletar o vídeo.
“E aí eu deletei. Ele ficou ameaçando, dizendo ‘eu vou jogar no chão, vou quebrar ele’. E é meu único meio de trabalho. Peguei, deletei o vídeo e ele mandou eu ir na lixeira para se certificar de que não estava na lixeira e pronto. Aí, foi isso, tive que deletar, ele me devolveu e vieram outras pessoas que estavam com credencial, que viram a confusão, perguntar o que tinha acontecido”.
Segundo Vitor, quando a situação foi explicada, essas pessoas que estavam com credenciais, voluntários na Copa, pediram desculpas. “Disseram que eles não tinham o direito de ter feito isso e que, se eu quisesse, poderia denunciar aqui dentro, porque a gente estava próximo de duas torres que têm câmera, e o cara pode ser identificado. Eu estou tentando fazer isso, mas é tudo muito complicado”, lamentou.
FONTE: G1