A organização responsável pela contratação de trabalhadores de saúde para assistência na reserva Yanomami afirmou que convive, há anos, com a falta de insumos fornecidos pelo governo federal.
Em entrevista à CNN, o advogado Cleverson Daniel Dutra, que representa a Missão Evangélica Caiuá (principal favorecido de convênios nessa área), afirmou que o maior problema enfrentado pelos profissionais de saúde tem sido a falta de insumos, como luvas, seringas e medicamentos básicos.
Além disso, a organização já alertou o governo em 2019 e se ofereceu para adquirir esses insumos por conta própria, mas a proposta foi rejeitada pelos então responsáveis pela política de assistência de saúde aos indígenas no governo de Jair Bolsonaro (PL).
A Missão Evangélica Caiuá recebe a maior fatia de recursos das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde indígena. Segundo dados do Portal da Transparência, somente nos últimos quatro anos (de 2019 a 2022), a organização recebeu mais de R$ 872 milhões dos cofres públicos. Em troca, contratava profissionais de saúde para trabalharem em comunidades indígenas em vários estados do país.
Atualmente, segundo Dutra, a Missão Evangélica Caiuá tem nove convênios com o governo. O elo com o poder público já foi maior no passado. Em 2018, ele afirma, a organização atingiu o ápice de contratos, atendendo 19 convênios e recebendo mais de R$ 400 milhões em um único ano.
De acordo com o advogado, os profissionais contratados pela entidade vinham conseguindo acessar as aldeias indígenas, mas enfrentavam problemas com os insumos em falta.
“Os nossos profissionais estavam entrando [na área Yanomami] e não tinham insumos necessários para trabalharem de forma segura (…) O governo não estava suprindo os profissionais com os insumos necessários”, disse. “Isso já acontece há um bom tempo. Desde 2011, 2012, temos esse problema. Luva, seringa, medicamentos básicos para atender. Muitas vezes não tinha nem uma dipirona para receitar e dar.”
FONTE: CNN