Um americano foi solto na última terça-feira (14) após ter ficado cerca de 28 anos preso por um suposto assassinato cometido em 1994. Lamar Johnson, de 50 anos, fechou os olhos e balançou a cabeça enquanto o juiz David Mason emitia a decisão que reverteu a condenação anterior.
Johnson não respondeu a perguntas da imprensa, mas disse que aquele momento era “inacreditável”, segundo a emissora americana FOX9. A defesa do homem recém-livre, porém, teve um tom mais crítico com relação às décadas que o cliente passou preso.
“Enquanto hoje traz alegria, nada pode restaurar tudo o que o Estado roubou dele. Nada vai dar a ele de volta quase três décadas que ele perdeu enquanto separado de sua filha e família”, declararam os advogados de Johnson.
O americano foi preso pela morte de Marcus Boyd, em outubro de 1994. A vítima foi baleada por dois homens mascarados, motivados por uma disputa por um ponto de droga.
Segundo Johnson, que sustentou a própria inocência ao longo dos anos, ele estava a quilômetros do local do crime no momento do assassinato. A mulher com quem namorava na época, que servia como álibi, confirmava a versão do então jovem.
Johnson admitiu que se ausentou por cinco minutos para vender drogas a um amigo, o que também foi confirmado pela namorada. Apesar desse período fora, não havia tempo para o americano ter assassinado Boyd a quilômetros de distância e voltar ao local no qual estava, ressaltou a defesa.
A história, entretanto, não foi suficiente para a Justiça do Missouri, que condenou Johnson à prisão perpétua. O segundo suspeito do crime, Phil Campbell, assumiu a autoria do assassinato em troca da redução de pena, passando sete anos na cadeia.
Para a reversão de pena, a defesa do americano se apoiou em duas testemunhas. Uma delas era James Howard, um homem sentenciado à prisão perpétua por assassinato e outros crimes que aconteceram anos após a detenção de Johnson.
Segundo Howard, era ele quem estava com Campbell no dia do assassinato de Boyd. O condenado, inclusive, deu detalhes do crime, como quem disparou cada um dos tiros que levaram à morte da vítima.
A segunda testemunha que podia mudar o caso de Johnson era James Gregory Elking. O rapaz estava comprando crack com Boyd no momento em que os dois homens com máscara preta apareceram e assassinaram o vendedor de drogas.
Segundo Elking, um dos detetives do caso, Joseph Nicerson, o teria pressionado a dizer que Johnson era o atirador. A testemunha também teria recebido 4.000 dólares para dar o depoimento final que fez com que o rapaz ficasse três décadas na cadeia.
“Estou mentindo sobre isso por 30, 25, 28 anos. Só queria poder voltar no tempo”, lamentou Elking.
Em nota à emissora FOX9, a Procuradoria do Missouri afirmou que não vai recorrer da decisão que liberta Johnson, apesar de acreditar que a sentença original deveria ser mantida.
Fonte: D24am