Em um movimento que pode marcar o fim de um conflito iniciado em 13 de junho de 2025, Israel sinalizou, nesta segunda-feira, 23 de junho, sua intenção de encerrar a campanha militar contra o Irã nos próximos dias.
A decisão vem após uma série de ataques coordenados com os Estados Unidos, que destruíram instalações nucleares iranianas em Fordow, Natanz e Isfahan no último fim de semana.
Esses golpes debilitaram significativamente a infraestrutura militar de Teerã, criando uma janela para negociações diplomáticas.
A ofensiva americana, que utilizou bombardeiros B-2 e bombas Massive Ordnance Penetrators de 30.000 libras, foi um divisor de águas, amplificando os esforços das Forças de Defesa de Israel (IDF).
Em Kermanshah, no oeste do Irã, a IDF neutralizou depósitos de mísseis superfície-superfície e centros de comando do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), aproximando-se da conclusão de sua lista de alvos prioritários. “Estamos perto de alcançar nossos objetivos estratégicos”, declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em pronunciamento no domingo, embora tenha reforçado a prontidão para responder a qualquer contra-ataque.
Avanços Militares e Pressão Diplomática A coordenação entre Israel e EUA foi crucial.
Imagens de satélite da Maxar Technologies revelam danos extensos no complexo nuclear de Fordow, um dos mais fortificados do Irã.
Autoridades israelenses afirmam que a destruição de alvos estratégicos, combinada com a pressão internacional, permite a transição para uma fase de diálogo.
Países do Golfo, como Bahrein e Kuwait, foram informados pelos EUA sobre a disposição de Israel em buscar um cessar-fogo, enquanto a Rússia, aliada de Teerã, ofereceu mediação, evitando apoio militar direto.
Apesar dos avanços, a cautela prevalece. Um alto funcionário israelense, citado por fontes árabes, alertou que qualquer tentativa iraniana de reconstruir seu programa nuclear será respondida com novos ataques. Essa postura reflete a estratégia de longo prazo de Tel Aviv: impedir que o Irã alcance níveis de enriquecimento de urânio que ameacem a região.
Resposta Iraniana e Crise Interna O Irã enfrenta um momento delicado. O aiatolá Ali Khamenei, em um discurso televisionado, classificou os ataques americanos como um “erro grave” e prometeu retaliação. No entanto, a capacidade de resposta de Teerã foi comprometida pela perda de comandantes do IRGC e pela destruição de bases estratégicas. Internamente, Khamenei adotou medidas drásticas, como a suspensão de comunicações digitais e a transferência para um bunker seguro, além de nomear três clérigos como possíveis sucessores, sinalizando temores de novos ataques.
A população iraniana também sente o impacto. Protestos em Teerã no domingo, 22 de junho, expressaram indignação contra os ataques, enquanto explosões abalaram a capital, com defesas aéreas tentando conter drones e mísseis israelenses.
Apesar da retórica desafiadora, o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, indicou que Teerã poderia aceitar níveis de enriquecimento de urânio de 3,67%, conforme o acordo nuclear de 2015 (JCPOA), sugerindo uma abertura tímida para negociações.
Impactos Globais e Esforços para a Paz O conflito, que já dura 10 dias, gerou reflexos globais. Mercados financeiros, como os índices Sensex e Nifty na Índia, registraram quedas devido às tensões no Oriente Médio.
O setor aéreo foi afetado, com cancelamentos de voos no Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, e o Irã abriu temporariamente seu espaço aéreo para evacuar cidadãos estrangeiros, incluindo cerca de 1.000 indianos.
Embaixadas de países como Austrália e República Tcheca em Teerã foram fechadas por questões de segurança. Na esfera internacional, o Conselho de Segurança da ONU debateu a crise, com o representante iraniano, Amir Saeid Iravani, acusando Israel de arrastar os EUA para o conflito.
Aliados ocidentais, como a Austrália, defenderam os ataques americanos, enquanto líderes europeus pediram moderação, alertando para o risco de desestabilização regional.
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, destacou as “consequências graves” dos ataques às instalações nucleares. Riscos Regionais e Perspectivas A escalada levantou temores de retaliações por grupos apoiados pelo Irã, como o Hezbollah no Líbano, a milícia Kataib Hezbollah no Iraque e os Houthis no Iêmen, que ameaçaram atacar navios americanos no Mar Vermelho.
Esses movimentos aumentam o risco de um conflito regional mais amplo, com implicações para o comércio global. Ainda assim, a possibilidade de um cessar-fogo ganha força.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou no sábado que as instalações nucleares iranianas sofreram “danos monumentais”, sugerindo que a pressão militar pode forçar mudanças em Teerã. Israel, por sua vez, mantém sua força aérea em alerta, mas Netanyahu enfatizou que não busca uma guerra prolongada, priorizando a segurança nacional e a abertura para negociações.