Mais de 25 mil torcedores celebraram a vitória e o fim da temporada bovina em uma noite de emoção, memória e pertencimento no coração encarnado de Manaus
O Boi Garantido voltou a reinar no Festival de Parintins 2025. E a comemoração teve a grandiosidade que a torcida vermelha e branca tanto esperava: a tradicional Festa da Vitória reuniu cerca de 25 mil pessoas no Sambódromo de Manaus no último sábado (5), em uma noite de lágrimas, toadas, promessas e orgulho coletivo.
Fred Góes, presidente do Garantido, resumiu o espírito que marcou marcou o trabalho realizado junto do MAG nos eventos na capital.
“O MAG é um parceiro tradicional do boi e faz parte da tradição dele. Manaus é quem repercute o festival durante o ano e mantém viva a brincadeira. O MAG representa a repercussão em mídia do festival com eventos no Sambódromo e em outros lugares. O MAG representa sua força enquanto uma entidade que representa o Boi Garantido. Há respeito mútuo, pois são a grande força de preparação da nossa galera em Manaus”.
“Essa vitória tem dois lados. Tem o título da derrota, o ‘vice-campeão’, como fomos ano passado. E ela é uma derrota solitária que você tem que saber entender e aceitar. E tem o título de campeão, a vitória que é coletiva e tem toda a sua importância. Esse sentimento não é só meu. Estou tranquilo porque o importante era a galera receber esse título”.
Quem faz o Garantido pulsar
Entre as milhares de vozes que ecoaram no Sambódromo, algumas se destacaram por traduzir em palavras o que é viver o Garantido de dentro pra fora.
Ivo Meirelles, figura consagrada no cenário cultural e torcedor perreché, lembrou da primeira vez em que viu o boi na arena:
“O Garantido é uma descoberta na minha vida que não tem palavras. Quando cheguei em 2004 em Parintins sem saber nada sobre o festival ou sobre boi, aconteceu o inesperado e essa paixão avassaladora”.
Gandhi Tabosa, coreógrafo e líder do grupo GandhiCats, também se emocionou ao ver o tema do ano ganhar vida na arena.
“Sempre é uma honra trabalhar no Garantido e esse ano teve um gostinho especial com esse tema que resgata o Garantido do torcedor e o torcedor com o Garantido”.
A batida e o canto da vitória
Nas cordas e tambores que fizeram o povo vibrar, Marcelo Bilela, regente da Batucada, lembrou que o som também é resistência.
“Realizamos uma temporada deliciosa esse ano, onde a batucada se consagrou campeã nas três noites apresentadas, ajudando o Garantido a trazer o 33º título para a Baixa do São José. Agradeço a todos do boi e à grande nação vermelha e branca, e nada mais justo que vir comemorar a nossa vitória esta noite com o Sambódromo superlotado”.
David Assayag, uma das vozes mais potentes do festival, resumiu em poucas palavras o sentimento de missão cumprida.
“É um dever cumprido. Garantido se provou mais uma vez como um boi que representa o folclore, com pé no chão e rico culturalmente, comprometido com a galera que é o nosso combustível”.
Já Israel Paulain, o apresentador campeão do festival, pareceu exorcizar o peso dos anos sem título.
“Tô de alma lavada. Hoje é hora da gente extravasar e assistir aí a esse espetáculo triunfal com folclore popular que conquistou os jurados e o Brasil”.
Destaques do Festival de Parintins
Entre os itens individuais, os depoimentos também transbordaram gratidão.
Jeveny Mendonça, Porta-Estandarte, relembrou o início da sua trajetória.
“Eu tô extremamente feliz por tudo isso. Em 2019 fui para a arena e o nosso Garantido ganhou, agora me sinto potente mais uma vez, mas sendo agora um item oficial e com a vitória do Garantido mais uma vez. Meu sentimento é de pura gratidão”.
Lívia Cristina, Rainha do Folclore e campeã em sua estreia no item:
“Foi um festival de músicas e emoção, ainda mais com minha estreia como Rainha do Folclore. Ajudei a trazer o título para a Baixa do São José. Só tenho a agradecer pela confiança da diretoria do Boi Garantido e a essa nação vermelha e branca”.
Isabelle Nogueira, cunhã-poranga do Garantido, conectou a vitória ao impacto que o festival gera em Parintins.
“Foi um festival tão alegre e fui tão feliz. Só sinto felicidade com essa vitória, só prosperidade também. Vivemos momentos incríveis, com recorde batido em giro econômico em Parintins, com vendas de artesanatos entre outros grandes meios de fomentar nossa cultura. Eu, como torcedora encarnada e artista parintinense, só sinto gratidão e orgulho”.
João Paulo Faria, Amo do Boi, apesar de perder como item individual, foi a alma do festival e deu voz ao que muitos sentiram.
“O importante é fazer o contrário chorar na arena. Eu sabia que seria um grande ‘sacrificado’ neste festival. Os fiscais do boi contrário me ligaram na primeira noite do festival dizendo que iria perder, mas não me acovardei e fui para a arena e mantive meus versos de desafios para hoje estarmos aqui celebrando uma vitória que estamos esperando desde a época da pandemia. Todo esse calor e arquibancada lotada me trazem muita alegria”.
Desabafo coletivo
A Festa da Vitória não foi só celebração. Foi desabafo coletivo, reencontro, reparação. Entre batuques, suor e memória, o Boi Garantido mostrou que sua maior força é gente.
E como disse a presidente do MAG, Ana Cláudia:
“Eu avisei em todos os currais e a temporada inteira que o Garantido seria campeão e teríamos a nossa tão sonhada Festa da Vitória! O controle da emoção já foi, com objetivos e metas totalmente cumpridos. Estamos mais que preparados pro ano que vem. Agora que voltamos a ganhar, não iremos mais voltar atrás!”
Despedida
No meio de tanta alegria, um momento de comoção. O anúncio da saída da sinhazinha Valentina Coimbra pegou de surpresa toda a Nação Vermelha e Branca. A apresentação no palco do sambódromo, já na madrugada de domingo, foi em tom de despedida. Sem falar nada, com um semblante que expressava profunda emoção, Valentina foi homenageada por Israel, que foi taxativo em registrar a importância da sua atuação no item sinhazinha. O amo do boi, João Paulo Faria, versou em homenagem à sinhazinha Valentina.
Foi mais um momento de profunda emoção em meio a tantos outros que marcaram uma das maiores festas da história do sambódromo, templo do samba amazonense, que nesse sábado virou o Curral do maior campeão do Festival de Parintins, com seus 33 títulos entre as 58 edições.
Assessoria de Comunicação do Movimento Amigos do Garantido (ASSCOM MAG)
Texto: Mafê Santana
Edição: Arnoldo Santos
Fotos: Teka Prado