Um passeio de barco que tinha como destino a praia do Tupé e que reunia aproximadamente 900 pessoas foi impedido na manhã deste domingo, 18, após flagrante de aglomeração pelas equipes de fiscalização. A embarcação sairia do Porto de Manaus, localizado à margem esquerda do Rio Negro, no Centro da capital. A aglomeração foi flagrada pela equipe da Central Integrada de Fiscalização (CIF), da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), após uma denúncia recebida pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM).
Ao perceber a aglomeração e o distanciamento mínimo de 1,50 metros não respeitado, autuamos a embarcação e conduzimos o autor para o 1º DIP (Departamento Integrado de Polícia) para fazer o TCO (Termo Circustanciado de Ocorrência)”, destacou o fiscal da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), Antônio Júnior.
O caso ocorre duas semanas após a polícia desarticular uma festa clandestina no meio da floresta amazônica, em um Iate de luxo, também no rio Negro, cuja embarcação com turistas estrangeiros visitou cerca de quatro comunidades indígenas do Amazonas.
Passeios, festas, shows e eventos estão suspensos em todo o Amazonas, por conta da Covid-19, que já infectou o total de 363.102 pessoas no Estado até esse sábado, 17, segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). Ainda conforme a pasta, já foram ao todo 12.362 vidas perdidas pelo novo coronavírus.
O passeio
De acordo com o anúncio do passeio, a saída do barco Anna Karoline II estava programada para as 8h30 deste domingo, no porto da Manaus Moderna. O retorno estava previsto para as 16h30 de hoje e tinha como destino à praia do Tupé. O passeio, segundo o cartaz, tinha preço único de R$ 30, com atração musical de três cantores e duas bandas.
Entre as atrações, estavam o cantor de forró “Negão do Arrocha”, o músico Bernardo Nunes, a cantora Ane Queiroz, e as bandas “Os’cria” e “Flux dos Paredões”. O uso obrigatório de máscara para evitar o contágio da Covid-19 era a única restrição solicitada pela organização no folder de divulgação do passeio.
Ainda no cartaz, a organização do evento disponibilizou o contato de um homem identificado como Fabinho. A REVISTA CENARIUM entrou em contato com Fabinho, por meio de telefonema, mas ele desligou a ligação ao ser questionado sobre a aglomeração e a viagem de barco.
De acordo com o presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado do Amazonas (Arsepam), João Rufino, a embarcação Anna Karoline II sairia do porto com praticamente o dobro da capacidade, ou seja, acima da capacidade máxima de 50% permitida.
“Acreditamos que, se a embarcação saísse, sairiam com 800 a 900 pessoas. Praticamente o dobro da capacidade e da alimentação de 50% que a embarcação precisa observar para fazer o seu trajeto”, disse.
Em um vídeo, é possível observar a quantidade de pessoas que estavam aglomeradas no local. A maioria da população utilizava máscara, mas o grupo de turistas se amontoava dentro e fora da embarcação, o que é um risco para contaminação da Covid-19, segundo especialistas.
Os responsáveis pela viagem foram detidos e encaminhados para o 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP). Segundo o delegado Cícero Túlio, responsável pela unidade, eles irão responder na Justiça pelo crime de infração de medida sanitária.
Recorrente
O caso deste domingo é o segundo flagrado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) em abril, com o registro de aglomeração e desrespeito ao distanciamento social. No último dia 6, em meio ao recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas, a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) desarticulou uma festa clandestina que ocorria há, pelo menos, quatro dias em uma embarcação de médio porte no rio Negro, próximo a Manaus.
Para o fiscal da FVS-AM, Antônio Júnior, casos como esses precisam ser denunciados para evitar o contágio da Covid-19 e uma eventual nova onda de contágios pelo novo coronavírus. “É preciso da ajuda da população para evitar uma terceira onda já desenhada pela fundação. Para que evite essa terceira onda, ao verificarem que existe uma possível aglomeração, que elas não participem e que voltem para casa ou vá para outro lugar que não tem aglomeração, pois ela pode causar uma transmissão maior do vírus e a gente pode, infelizmente, voltar ao que ocorreu há algumas semanas, sem ter leitos, sem oxigênio, a situação drástica que a gente não quer que retorne”, finalizou.
Fonte revista cenarium