A falta de segurança para os motoristas por aplicativo, bem como as altas taxas de desconto cobradas pelas empresas de transporte, como Uber e 99, foram discutidas ontem (14/09) numa audiência pública entre os motoristas e diretores de empresas de transporte por aplicativo.
A reunião aconteceu em Manaus e foi intermediada pelo deputado federal Delegado Pablo (UB-AM). Participaram do encontro dos diretores das empresas Uber, 99 e InDriver, que representam mais de 85% das corridas por aplicativo no Brasil.
Um grupo com mais de 300 motoristas por aplicativo também participou da reunião e teve a chance de ficar frente a frente com os diretores. A empresa Uber foi representada pelo diretor de Relações Governamentais, Ricardo Leite. A 99 mandou o diretor Samuel Lemos, e a InDrive foi representada pelo diretor Carlos Nishikawa, que participou por videoconferência.
Os trabalhadores apresentaram os problemas enfrentados pela categoria, que sofre com bloqueios sem justificativa, falta de segurança, e principalmente a alta taxa de desconto cobrada dos motoristas.
Deputado Pablo relembrou que está tramitando no Congresso Nacional o projeto de lei que limita em 10% o valor descontado pelas empresas de aplicativo em cada corrida.
Pablo, que é o autor do projeto, explica que hoje são descontados até 60% de cada corrida, o que torna inviável o trabalho dos motoristas. “As empresas cobram taxas absurdas. É quase uma escravidão imposta aos motoristas”, criticou Pablo.
O projeto que limita em 10% o valor descontado está em análise na Câmara dos Deputados. Se for aprovada, a medida beneficiará mais de dois milhões de motoristas por aplicativo, ativos em todo o País. “A taxa de 10% já é praticada em diversos países, trazendo benefício aos motoristas e passageiros. Por isso apresentei o projeto para ser implantado aqui no Brasil”, argumentou Pablo.
Motoristas reclamam da falta de segurança
Para dar mais segurança aos motoristas, que sofrem com agressões físicas, xingamentos, assédios sexuais e até mortes, os trabalhadores sugeriam mudanças no aplicativo das empresas.
A primeira é a criação de um banco de dados compartilhado pelas empresas, com os nomes dos clientes e motoristas. A medida busca reconhecer, por meio de fotos, quem são as pessoas que trabalham e usam os serviços de transporte.
Outra mudança incluiu um espaço para foto do passageiro, que é tirada, por meio de selfie, no momento da solicitação da corrida. Dessa forma, os motoristas têm como reconhecer quem são os passageiros, bem como a imagem fica armazenada para eventuais investigações da polícia.
As empresas Uber e 99 sugeriram incluir um ‘botão de segurança’ no aplicativo dos motoristas. O mecanismo emite um sinal de socorro à policia, que também informa a localização, em tempo real, de onde está o veículos. A ideia foi aprovada pelos trabalhadores.
Deputado Pablo disse que todas as sugestões serão anexadas ao relatório final da audiência pública e encaminhadas à Câmara Federal. As ideias serão transformadas em projetos de lei e, em breve, podem ser colocadas em prática em todo País.