Um acidente de moto que terminou com a morte de uma jovem de 21 anos, na semana passada em Itanhaém, litoral de São Paulo, teve uma reviravolta. A Polícia Civil concluiu que Nayara da Silva foi vítima de uma armadilha de seu ex-namorado — e ele é quem teria provocado a ocorrência. Nayara morreu atropelada na rodovia Padre Manoel da Nóbrega.
De acordo com as investigações, por volta das 20h de 17 de maio, um domingo, Nayara saiu do supermercado em que trabalhava e seguia de motocicleta para casa. No trajeto, a jovem sofreu uma queda na rodovia e, ao se levantar e pedir ajuda, foi atropelada por um carro. O motorista parou para socorrê-la e afirmou que, como o trecho era escuro, não conseguiu enxergar a vítima. A jovem morreu no local.
A primeira hipótese para o acidente era de que Nayara havia sofrido a queda sozinha. Mas, como a moto dela foi encontrada embaixo da defensa metálica no acostamento e a jovem conhecia muito bem o trajeto, já que o fazia diariamente, a polícia desconfiou de que havia algo a ser esclarecido.
Durante as investigações, os policiais descobriram que Nayara havia comentado com amigos do trabalho que vinha sofrendo ameaças verbais do ex-namorado, Márcio Manoel dos Santos, que já havia sido gerente de uma loja da mesma rede de supermercados em que ela trabalhava. Apesar de relatar as ameaças aos amigos, a jovem nunca procurou a polícia para denunciar o ex.
Análise minuciosa das câmeras de segurança
Ao analisar câmeras de segurança que pudessem confirmar uma possível perseguição antes do acidente com Nayara, policiais encontraram imagens em um equipamento de monitoramento municipal. Elas mostram a vítima deixando o supermercado em sua moto e um veículo cinza saindo logo atrás. Foi possível identificar a placa: o carro pertence a José Maurício da Silva Pereira, amigo do ex-companheiro de Nayara.
Os policiais foram até a casa de José Maurício e encontraram o veículo na garagem. Levado à delegacia para ser ouvido, o homem teria afirmado que emprestou o carro para Márcio.
Ainda segundo a polícia, ele teria relatado que, naquele dia, ele e o amigo estavam em um churrasco, quando por volta das 18h foram até o local de trabalho de Nayara. Eles aguardaram a jovem sair e a seguiram até a rodovia. No quilômetro 325 o ex-companheiro, que estava ao volante, jogou o veículo em cima da motocicleta de Nayara, fazendo com que ela caísse.
Ele diz que o motivo seria uma suposta gravidez da vítima. O ex-companheiro não aceitava e queria que ela fizesse um aborto, o que teria sido negado pela jovem. Mas não sabemos se essa história realmente procede porque a família da vítima diz desconhecer essa gestação”, explica o delegado Bruno Mateo, titular do 2º Distrito Policial de Itanhaém.
Após causar o acidente, os dois fugiram e voltaram para o churrasco. No dia seguinte, o veículo usado no acidente foi levado para a oficina e consertado, para ocultar o crime. José Maurício foi preso preventivamente. Já o ex-companheiro de Nayara não foi localizado. A polícia acredita que ele tenha deixado a cidade no dia seguinte ao crime. Ele é considerado foragido.
Crime premeditado
A polícia acredita que o crime tenha sido premeditado, uma vez que o ex-companheiro da vítima aguardou Nayara sair do trabalho e usou um veículo que ela não conhecia. Além disso, o acidente foi em um local isolado, com pouca iluminação e em horário de pouco movimento.
“A gente acredita que a Nayara ficou muito assustada quando viu que o ex estava a perseguindo e a derrubou. Com isso, ela deve ter ido para o meio da rodovia pedir ajuda”, explica o delegado.
Ao fazer isso, Nayara foi atropelada por um motorista que passava pela estrada. Ele declarou não ter visto a jovem a tempo de frear. A polícia não acredita em envolvimento dele com os suspeitos.
A polícia diz que a suspeita de gravidez não foi confirmada porque a jovem foi enterrada quando se acreditava que ela havia sofrido um acidente. Agora, o delegado pode pedir a exumação do corpo para um exame mais minucioso.
Delegado faz alerta
O delegado Bruno Mateo, responsável pela investigação do caso, ressalta a importância de as mulheres denunciarem qualquer tipo de ameaça ou agressão, por menor que ela possa parecer.
“As mulheres muitas vezes não denunciam por medo ou por acharem que aquele homem não vai fazer nada contra elas. Mas denunciar e procurar a polícia é muito importante porque damos apoio e respaldo em tudo o que ela precisar. A denúncia pode ajudar a salvar uma vida”, diz.
Fonte: foco amazonico