Em um bate-papo super sincero, a apresentadora, que não gosta de falar do passado, abriu o coração
Contou quanto ganhava com a prostituição e o que fazia com dinheiro. Revelou que se relacionou com bicheiro, assaltante de carga e chefe de facção. Ela contou ainda, que doou todos os valores conquistados com o seu primeiro livro, que vendeu 1 milhão de exemplares.
Dia 14 de agosto, Andressa lançará uma música chamada Noite virou Dia. A intenção dela com a canção é ajudar a tirar ainda mais mulheres da prostituição.
Léo Dias – Aqui vai ser o Léo Dias. Não vai ser aquele cara que a gente interage nas madrugadas. Eu quero te agradecer, de antemão, a toda a sua ajuda, pra mim, pra minha vida, para o meu bem-estar.
Andressa Urach – Pode perguntar, eu não tenho nada a esconder, Léo. Eu decidi expor coisas tão difíceis de falar justamente para ajudar quem está no fundo do poço como eu estava. Eu vejo isso como uma missão, sabe? Graças a Deus eu tive uma segunda chance, e eu procuro todos os dias aproveitar ela da melhor maneira possível nesses últimos 5 anos. E primeiro eu quero te pedir perdão publicamente porque eu era um ser humano detestável e por muitas vezes eu briguei com você antes de me converter. Te acusei de ser mentiroso e na verdade quem era mentirosa era eu. Porque você trabalha de verdade, você é um jornalista que busca informação. E é difícil um artista esconder alguma coisa de você. Então, eu te peço perdão por isso. Perdão mil vezes.
Que isso… Você não tem que pedir perdão por nada, Andressa. Vamos lá! Então, eu queria primeiro falar porque muita gente durante muito tempo. Durante muito tempo não. Acho que no início da sua conversão, quando você apareceu com essa imagem que a gente vê hoje. Uma imagem completamente diferente daquela Andressa Urach de antigamente, muita gente questionou, duvidou da sua conversão. Achou que se tratava de uma jogada de marketing. Afinal, você sentiu isso? Sentiu que as pessoas acharam que a sua conversão era uma jogada de marketing, Andressa?
É normal, não é, Léo?! Sabe por quê? Antes de conhecer a Deus, conhecer o senhor Jesus, eu também falava e eu entendo perfeitamente essas pessoas. Porque eu dizia assim: “Ah, aprontou, aprontou e agora se esconde atrás da Bíblia”. Então, isso que as pessoas falam eu falava porque eu não conhecia Deus. No fundo, eu tinha mágoa de Deus, Léo. Porque eu fui abusada sexualmente na infância. Aí eu pensava assim: onde é que estava Deus que me deixou ser abusada? Então eu tinha muita raiva, eu tinha muito ódio no meu coração. Eu tinha sede de vingança. Dentro de mim existia um turbilhão de emoções a ponto de explodir como uma panela de pressão. É normal que as pessoas não acreditem quando ela tem um passado de muita dor, de muito sofrimento. Ou de repente ela estudou demais e ela vai muito pela ciência.
Vai pela lógica. E Deus não tem lógica, não é?
Cheguei lá e meu primeiro programa mesmo foi mil reais. Então, imagina, eu trabalhava o mês inteiro para ganhar mil reais. Aí eu fui para o programa e o cliente era um cliente lindo, novo. Então, aos meus olhos, parecia uma grande oportunidade de mudar de vida. Aí eu foquei. Eu disse assim: eu vou trabalhar de segunda a segunda. Eu trabalhei muito. Eu cheguei a dormir com até 7 homens em um único dia.
O que você já se submeteu de extrema violência, não as vezes física, mas, moral, num momento em que se prostituía?
Olha, Léo, é até horrível de falar. Mas quando você entra para o masoquismo, que foi o que eu entrei. O masoquismo, sadomasoquismo em que você aceita ser agredida. A coisa mais nojenta e que mais se pagava é você se submeter a urinar e defecar no cliente ou vice e versa. Isso é horrível, é nojento, mas é a realidade de muitas pessoas. De você, por exemplo, ter que botar a sua mão dentro da parte íntima desse homem. Coisas que depois a sua cabeça pira. Porque na hora que tem o dinheiro, você fica: pensa no dinheiro! Só que depois tu se sente suja. Eu lembro assim que eu ia para debaixo do chuveiro e eu passava álcool e a sujeira estava dentro de mim. E aquilo não saía mais da minha cabeça. Eu perdi totalmente o valor próprio, os valores, os princípios. Eu só pensava no dinheiro. Quando eu descobri que ser famosa eu ia ganhar mais na prostituição. Porque eu saía do bordel que eu trabalhava e ia para prostituição de luxo e ia para outro patamar. Porque eu via famosas fazendo show de stripteaser nessa casa noturna e elas ganhavam muito bem. E eu dizia: “Mas eu trabalho aqui e ganho menos? Eu quero ser famosa que nem elas!” Então, eu vi uma oportunidade de começar entrar para a fama e ganhar mais.
Então, quer dizer que a fama, o fato de aparecer na televisão, aumentava, consideravelmente, o cachê?
Isso!
Você apareceu pela primeira como dançarina do Latino? É isso?
Isso. Logo no começo mesmo eu comecei como musa do meu clube aqui, o Internacional.
Regionalmente?
Isso. Aí depois teve aquele concurso de Panicat Sagrada, eu consegui um destaque. Aí teve uma gravação de refrigerante aqui no Rio Grande do Sul, foi onde eu conheci o Latino, e eu pedi a oportunidade para ele. Eu disse pra ele: “Por favor, deixa eu dançar?” E ele (Latino) disse: “Não, ok… Tudo bem.” Só que na época eu fui sincera eu falei: “Olha, eu trabalho como ‘garota’.” E ele disse: “Olha, não tem como. No Rio todo mundo vai saber.” Eu disse: “Tudo bem. Eu tenho dinheiro guardado. Me dá a oportunidade de trabalhar. Eu prometo não te envergonhar”. Aí ele disse: “Tá bom! Eu vou te dar essa oportunidade, mas você não pode trabalhar como garota de programa. Rio de Janeiro é muito pequeno e todo mundo vai saber”. Eu agradeço a ele por essa oportunidade. Até recente eu falei para ele. Eu era tão terrível, Léo. Olha, eu me arrependo tanto. Eu fiz cada coisa que eu me arrependo tanto.
O que, por exemplo?
De ser vulgar. De me submeter. De expor. A maneira que eu estava me expondo. Porque eu me tornei bailarina do Latino. E tudo que eu fiz acaba refletindo na carreira da pessoa, sabe? E ele é uma pessoa querida, uma pessoa do bem. E me deu uma oportunidade de trabalho. Aí depois… Fazer show não é fácil, é cansativo. O que eu ganhava na prostituição era muito dinheiro. Então, eu tive que abrir mão do trabalho. Só que nesse período eu consegui ser capa de revista. Logo na semana que eu comecei, veio o convite da Sexy. Aí eu pensei: pronto, era o que eu precisava. Toda semana eu criava algo para ser notícia. Que é o que eu vejo hoje muitas famosas fazendo. Na minha época, eu que dei esse boom, né? Na minha época as pessoas eram conservadoras.
Você se envergonha daquela Andressa? Ou você gostaria de apagar tudo?
O passado é lugar de referência, mas não lugar de permanência. Ficou para trás, aprendi, errei. Não posso mudar. Me arrependo muito. Se eu pudesse mudar, eu mudava. Então eu não posso me culpar. Eu precisei me perdoar, Léo. Me arrependo, sim. Meu filho tem 15 anos, é um homem e agora ele tem que ver aquela mãe que foi uma vergonha na rede social.
Mas ele tem uma mãe que ele tem muito orgulho hoje em dia, não é?
Sim! Graças a Deus. Porque mais que as nossas palavras, as nossas atitudes falam muito mais alto. Hoje não exista ninguém que me prenda, mas eu tenho um temor tão grande. Eu buscava a morte. Eu bebia pra esquecer. Eu preenchia o meu vazio com coisas e pessoas. Eu bebia todos os dias, eu cheirava cocaína todos os dias pra buscar a felicidade. E hoje eu sou feliz, Léo. Eu fui podre, eu fui um ser humano nojento que eu não merecia uma segunda chance. Eu disse: “Deus, me dá uma segunda chance!”. Léo, eu vi o espírito da morte.
Quanto você cobrava por noite? Depois de A Fazenda o seu cachê para se prostituir aumentou?
Sem ser famosa de 400 a 3 mil era o cachê. Depois de famosa de 5 até 30 mil reais eu cheguei a ganhar por um programa. Eu cheguei a ganhar 80 mil reais só pra fingir namorar um rapaz para que ele ficasse famoso. Um sertanejo ficar em evidência. Na época ele assumiu, ele falou que era verdade. Na verdade, a culpa nem era dele, era do pai dele que me contratou. Ele nem sabia, coitadinho. Um menino querido.
Léo Dias: Não tinha relação sexual entre você e ele?
Não, não! Era fake. Um namoro fake para imprensa acreditar que a gente namorada. Então eu entrei na A Fazenda namorando ele.
Depois da Fazenda, você voltou a se prostituir?
Sim, sim. Voltei a me prostituir. Porque a minha profissão era a prostituição.
Mas depois da Fazenda você estava muito em evidência. Você saiu da Fazenda muito famosa. Você sabe disso. Quanto era o cachê para se prostituir nessa época?
No mínimo, 7 mil reais depois de repetir. De primeira era 15 mil. Aí se ficasse comigo de novo eu dava um desconto e ficava 7 mil. No auge mesmo, 15 mil reais era a média. Eu já cheguei a cobrar 30 mil. Para você ter ideia, eu estava envolvida com o crime. Eu cheguei a namorar com chefe de facção.
Como você conheceu chefe da facção?
Numa festa em São Paulo. Porque na época eu namorava com um ladrão de carga, casado. A mulher dele descobriu e começou a me ameaçar de morte. Ele me deixou e eu sofri. Aí eu estava em uma balada e esse chefe de facção já queria ficar comigo há um tempão, só que na época eu namorava esse ladrão de carga. Só que eu tinha medo de eles me matarem.
O que você fez com aqueles bens que você adquiriu antes da sua conversão?
Eu doei. Eu doei tudo. Eu não tenho absolutamente nada porque aquilo me acusava. Esse dinheiro era como se tivesse sujo para mim. A minha consciência está limpa.
Agora, só voltando a questão da Fazenda. Você disse que você pediu perdão a várias pessoas. Você procurou alguém que você magoou ou aquilo tudo era fake? Eu quero saber daquelas pessoas que foram publicamente agredidas por você.
Eu pedi perdão acho que para todas. Algumas eu consegui pela rede social. A Bárbara Evans, tadinha. Eu humilhei muito a Bárbara Evans. Até peço perdão para ela. Peço perdão para todos eles. Eu estava sem droga. Eu estava pirando.
Você estava sem droga?
Eu estava 90 dias dentro de um reality show. Quem é dependente químico sabe. Eu pirei. Quando podia beber a gente escondia.
A impressão que eu tenho é que você queria qualquer coisa para te tirar da realidade, sabe?
Eu queria ser feliz. Eu buscava a felicidade. Eu denegri a imagem da mulher, com meu vocabulário, com o meu comportamento. Hoje, eu sou mais julgada, mais apedrejada do que antes. Eu só quero ser uma pessoa melhor. Léo, aquela Andressa morreu. Se não for para ajudar as pessoas eu não vou. Deus salva o pecador. Hoje, eu sou livre, eu tenho paz. Hoje, eu ajudo as pessoas porque o espírito de Deus está dentro de mim.
Você falou que está há 3 anos sozinha, solteira. Esse período você está sem sexo?
Sim e não pretendo ter. Quando você tem uma relação sexual com uma pessoa, os demônios que estão nela entram para dentro de você. Porque existe o campo espiritual. Quando Deus nos orienta a casar com uma pessoa, ele está nos livrando de uma doença.
E sua relação com o dinheiro, como é? Como é sua renda hoje?
Hoje eu trabalho na Record, tenho um quadro chamado Eu Sobrevivi, aqui no Rio Grande do Sul. Eu tinha algumas aplicações antes. Em São Paulo acabou o meu contrato, só que as minhas aplicações não rendiam o suficiente para eu trabalhar lá. Eu voltei para o Sul. Graças a Deus eu tenho a minha família, eu tenho a minha mãe. Aqui o custo de vida é bem menos.
Mas você conseguiu vender 400 mil exemplares do livro?
Na verdade, Léo, vendeu 1 milhão.
1 milhão?! Mas 1 milhão deixa a pessoa rica, não deixa?
Deixa. Mas eu doei. Eu doei mais de um milhão e meio de reais. Está tudo declarado, tem como eu provar.
Você doou para quem?
Eu doei. Não importa para quem eu doei, mas eu doei.
Andressa Urach do passado jamais?
Jamais. Hoje, o único trabalho que eu tenho é o que eu ganho da Record e algumas redes sociais. Às vezes eu faço algum trabalho no Instagram, divulgo alguma roupa.
São várias ações voluntárias formando esse seu novo trabalho. Me fala sobre o seu novo trabalho?
Se chama Noite Virou Dia. Eu não sou cantora (risos), mas para ganhar uma alma para Jesus a gente vira cantora.
Você teve aula de canto?
Foi assim, eu moro em Porto Alegre e recebi um direct de uma fonoaudióloga. Aí ela disse: “Deixa eu ser sua ‘fono’, daí tu me divulga na rede social”. Aí eu disse: “Tá bom”. E ela: “Olha, eu sou especialista em canto”. Aí um rapaz de uma gravadora me perguntou se eu queria gravar uma música e eu disse: “Quero!”. Eu fiz algo que não é normal. Eu misturei duas músicas diferentes. Eu tive várias fases na minha vida, de rockeira, sertanejo. No clipe, as pessoas vão entender. Então, é bonitinho. Tem um significado espiritual. Qual é? Não é religioso, é liberdade.
As pessoas vão ver essa mudança?
Isso! Essa mudança, daquela coisa louca para a paz! Dia 14 de agosto vai estar em todas as plataformas e o clipe vai estar no meu canal no YouTube: Andressa Urach Oficial.
FONTE: METRÓPOLES