O ano de 2020 registrou 428 casos de ataques à liberdade de imprensa, de acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Foi o ano mais violento desde o início do levantamento na década de 1990, de acordo com o relatório Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, publicado nesta terça, 26.
Segundo a Fenaj, de 2019 para 2020, o número dobrou. Eram 208 ocorrências, o que representa um aumento de 105%.
O levantamento mostra que Bolsonaro foi responsável por 175 casos, o que corresponde a cerca de 41% dos ataques.
Ele cometeu, segundo a Fenaj, 145 casos de descredibilização da imprensa, 26 agressões verbais, duas ameaças diretas e dois ataques à Fenaj.
O relatório destaca ainda o aumento de censura (750%) e de agressões verbais/ataques virtuais (280%) de um ano para o outro. Estas, segundo o levantamento, cresceram com o incentivo do presidente.
“Jornalistas passaram a ser agredidos por populares nas ruas e os ataques virtuais, por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, tornaram-se comuns. Apesar do aumento significativo, é muito provável que ainda haja subnotificação dos casos, porque muitos profissionais não chegam a denunciar o ataque sofrido”, diz o relatório.
Agressores
O relatório mostra que o principal autor de ataques foi o presidente Jair Bolsonaro. Depois dele, servidores públicos foram os que mais atacaram. Em terceiro estão os políticos — Bolsonaro foi excluído desta categoria por ser o líder em ataques.
Regiões
O Sudeste é a região com mais casos de violência direta ontra jornalistas, mas o Centro-Oeste registra o maior número de atentados à liberdade de imprensa.
A unidade federativa com números mais altos é o Distrito Federal, que contabilizou as censuras na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), já que é o local da empresa.
Gêneros
Segundo o relatório, manteve-se a prevalência de agressões a jornalistas do sexo masculino. Entre as mulheres que foram vítimas de cerceamento à liberdade de impressão, 64 sofreram algum tipo de agressão.
Mídia
Os jornalistas televisivos são os mais atingidos pelas agressões diretas. A EBC (que inclui veículos como TV, rádio, site e agência de notícias) foi contabilizada separadamente e ficou em segundo, seguida dos jornalistas que trabalham em portais (mídia digital).
Conteúdo: G1
Fotos: Fenej