As mudanças climáticas estão esquentando o debate sobre o futuro dos Jogos Olímpicos de inverno no Hemisfério Norte. Estudo internacional liderado pela Universidade de Waterloo, no Canadá, aponta que a falha em reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa no âmbito global poderá mudar a geografia dos Jogos Olímpicos.
Apenas Sapporo, no Japão, uma das 21 cidades que sediaram os jogos no passado, terá condições de abrigar o evento até o final do século, segundo a pesquisa, que considerou restrições ligadas à segurança e à gestão de riscos associadas à realização dos jogos. Entretanto, se os esforços internacionais forem capazes de cumprir as metas do Acordo de Paris, as opções se ampliam para oito cidades, sendo que apenas seis não poderiam abrigar mais os jogos de neve.
O estudo contou com a participação de pesquisadores dos EUA, Canadá e Áustria, e envolveu pesquisa com treinadores e atletas, além de revisão de dados climáticos históricos, desde de 1920, e cenários futuros previstos para 2050 e 2080.
Os resultados trazem um alerta: a gestão de risco climático é quesito cada vez mais importante nos esportes de inverno. A temperatura média diurna de fevereiro nas cidades-sede pesquisadas aumentou constantemente – 0,4°C a mais nos jogos realizados nas décadas de 1920 e 1950; 3,1°C, durante os eventos das décadas de 1960 e 1990; e 6,3°C a mais em jogos do século 21, incluindo os de Pequim.
“O mundo do esporte de inverno está mudando à medida que as mudanças climáticas se aceleram”, afirmou o geógrafo Daniel Scott, principal autor do estudo, à equipe de comunicação da Universidade de Waterloo. Segundo ele, os atletas e treinadores “estão testemunhando os impactos nos locais de competição e treinamento, incluindo as Olimpíadas”.
Pelo estudo, 89% dos atletas e treinadores pesquisados sentiram que as mudanças nos padrões do clima estão afetando a competição; 94% deles temem que as mudanças climáticas impactem o desenvolvimento futuro do esporte. “A maioria dos locais de acolhimento na Europa é projetada para ser marginal e não confiável já na década de 2050, mesmo em um futuro de baixa emissão”, afirmou Robert Steiger, da Universidade de Innsbruck, na Áustria. A notícia, publicada na terça (18/1), pelo site da Universidade de Waterloo, repercutiu na Reuters, na Newsweek e na The Hill.
Em tempo: Os jornais britânicos Independent e DailyMail deram destaque a imagens da queda de neve nas dunas do deserto do Saara nas proximidades da cidade de Ain Sefra, na Argélia. O fenômeno, considerado raro, aconteceu poucas vezes em 40 anos e foi capturado pelo fotógrafo Karim Bouchetata.
FONTE: CLIMA INFO