A Alta Autoridade da Saúde (HAS) francesa recomendou, nesta segunda-feira (21), que o uso da vacina da Johnson & Johnson contra a Covid-19 seja limitado temporariamente. Segundo o órgão, os resultados preliminares de um estudo sugerem um leve aumento do risco de infarto do miocárdio nas duas semanas seguintes à vacinação em adultos de menos de 75 anos.
Segundo o comunicado da HAS, o imunizante Janssen, produzido pela Johnson & Johnson, deve ser reservado a pacientes que têm risco de desenvolver uma forma grave da Covid-19 e não podem receber uma vacina a base de RNA mensageiro, contraindicada em alguns casos. A decisão final está vinculada às conclusões da Agência Europeia de Medicamentos, que ainda não foram divulgadas.
A agência francesa recomenda que as vacinas da Pfizer e da Moderna, “que têm melhor eficácia”, sejam priorizados na primeira, segunda e terceira dose, inclusive em pacientes que já foram vacinados uma vez com a Janssen. Lançado em 2021, o imunizante tinha a vantagem de ser utilizado em dose única, proporcionando rapidamente um alto nível de proteção (entre 85% e 90%).
Mas, uma grande pesquisa divulgada em novembro do ano passado pela Universidade do Texas, que reuniu mais de 780 mil pessoas, mostrou que a proteção da vacina caia de aproximadamente 86% para cerca de 13% em seis meses. Contra a ômicron, ela garante uma proteção de 85% contra formas graves entre um e dois meses após a primeira e única injeção, de acordo com um estudo publicado no fim de dezembro pela revista científica medRxiv.
Na França, o imunizante é pouco administrado: o país parou de receber entregas da Janssen em julho. A estimativa é de que cerca de um milhão de pessoas tenham recebido uma dose da vacina, que utiliza, assim como o produto da Oxford/AstraZeneca, a tecnologia do vetor viral: um adenovírus injeta uma parte do genoma do SARS-CoV-2 para estimular a resposta imunológica do organismo.
Dados preliminares
Apesar da recomendação feita nesta segunda-feira, a Alta Autoridade da Saúde francesa lembra que “os novos dados são preliminares”, devem ser interpretados com precaução e precisam ser confirmados por outros estudos internacionais.
Atualmente, “os dados de farmacovigilância disponíveis em nível mundial não mostram riscos de infartos do miocárdio identificados em nível europeu ou nos Estados Unidos”. Mais de 38 milhões de doses da Janssen foram administradas em todo o mundo, sem efeitos colaterais que justificassem uma interrupção do uso do produto.
Fonte: UOL