Ator, comediante e… galã? Por que não? Aos 42 anos de idade, Marcos Veras vive sua melhor fase e sabe disso. Despedindo-se do Enrico de Além da Ilusão, ele emendará novelas na TV Globo com Vai na Fé, próxima trama das 19h, e ainda tem tempo para cuidar de si e da família. Pai de Davi, que completou 2 anos neste mês, Veras guarda com carinho as lembranças do “padrinho” Jô Soares e não perde o otimismo diante da dura realidade que o país atravessa neste momento.
Como foi a experiência em Além da Ilusão? Fazer uma novela de época foi um desafio maior?
“Foi lindo fazer essa novela. Uma história leve, romântica, porém com muita força. Novela de época tem um jeito de falar diferente, gestual diferente. Me diverti muito fazendo o Enrico.”
Você já está escalado para um novo trabalho na Globo, a novela Vai na Fé, que abordará a religião como tema central. Qual a importância da fé na sua vida?
“Sou religioso, espiritualizado. Oro todas as noites, me benzo antes de sair de casa. Apesar da formação católica, acredito em todas as religiões e deuses. A fé é algo que guia minha vida.”
Passamos pela triste perda do Jô recentemente. Quais memórias guarda dele? Qual a importância do Jô para a sua carreira?
“Jô tem uma importância gigante na minha carreira. Uma espécie de padrinho. Fui ao seu programa pelo menos umas sete vezes. As entrevistas viralizavam e isso me dava uma visibilidade ímpar. Até o dia em que ele me convidou para um espetáculo de teatro dirigido por ele. Viramos amigos. Jô era incansável, cheio de ideias, um contador de histórias. Ganhei respeito de muita gente após trabalhar com o Jô. Me trouxe um selo de qualidade, sabe? Aprendi muito com ele. E, claro, rimos bastante. Essa semana reparei que, em casa, tem Jô Soares pra todo lado, seja em um porta-retrato ou até a famosa caneca do programa. Fará muita falta.”
Neste ano, o Porta dos Fundos comemora 10 anos e você também fez parte dessa história. Como se sente diante dos constantes ataques políticos que eles recebem?
“Porta dos Fundos é um grande fenômeno do humor. Que honra ter feito parte desde o início! Trouxe de volta um frescor e uma audácia que o humor havia esquecido, além de revelar muita gente e, mesmo após 10 anos, continua relevante. Fiz amizades ali pra vida inteira. Os ataques, infelizmente, fazem parte desse momento sombrio que o país e o mundo vivem. Quem faz humor sabe que não irá agradar a todos. Ainda bem.”
Que lado seu o público não conhece?
“Sou um cara de bem com a vida. Muito caseiro, leal à família, aos meus amigos e ao meu trabalho. Tento enxergar a vida com humor e leveza. Não é fácil, porque a vida é cheia de obstáculos, mas é o jeito que encontrei de seguir em frente. Adoro ficar em casa, receber os amigos. Não sou muito de balada. E depois da paternidade isso se tornou mais forte. A paternidade me trouxe mais responsabilidade, mas também mais otimismo. Preciso acreditar num mundo mais legal.”
Nós vivemos em um período de crise econômica e social. Que mudanças espera ver no mundo para uma realidade melhor para o Davi?
“Desigualdade sempre existiu nesse país. Mas agora ela está potencializada, escancarada. É triste e revoltante ver o potencial do Brasil não ser aproveitado. É um absurdo viver em um país que produz alimento como ninguém, mas tem pessoas passando fome. É inaceitável. Mas meu lado otimista se apega às pautas progressistas. Me apego às discussões que nunca estiveram tanto em debate, como racismo, homofobia, sustentabilidade, para construir uma sociedade mais justa, mais humanitária. Quero compartilhar com meu filho as experiências que tenho e as que ele irá me ensinar sobre o mundo.”
Seu filho nasceu no auge da pandemia. Como foi o desafio de criar um bebê em meio ao caos? Isso afetou seu casamento com Rosanne Mulholland de alguma forma?
“Foi tenso, preocupante, porque se sabia muito pouco sobre o vírus. Por outro lado, tive o privilégio de poder ficar em casa em grande parte do período mais crítico da pandemia. Pude curtir a gravidez, o nascimento do bebê. Me fiz muito presente de uma maneira que, se estivesse trabalhando normalmente, talvez não fosse possível. Sou grato à vida por ter me proporcionado esse período em casa, grudado na minha família. Nós ficamos unidos e mais fortes. E o casamento é um pacto de amor diário. A gente se renova e conversa sempre. Conseguimos preservar o casal mesmo após a chegada de um filho. É fácil? Não! Mas é possível, sim.”
FONTE: CONTIGO