A programação aconteceu no Centro Cultural Palácio da Justiça com rodas de negócios, reuniões de diversas companhias de ópera nacionais e internacionais, além de mesas redonda e painéis
A capital amazonense sediou a 16ª Conferência Anual da Ópera Latinoamérica (OLA), que teve a programação realizada no Centro Cultural Palácio da Justiça, no Centro de Manaus, entre 17 e 21 de maio. O intuito do encontro foi dialogar e possibilitar melhores e maiores alternativas para a Ópera no Brasil e nos países latinos. O evento aconteceu paralelamente à programação do 25º Festival Amazonas de Ópera e reuniu artistas, produtores e profissionais da indústria criativa de vários lugares do mundo.
“Nós estamos aqui por causa disso, seria muito interessante para nós trabalhar com a Amazônia, queremos fazer trocas especialmente com óperas para crianças, que é algo que também fazemos muito. Acredito que as coproduções são o futuro para nós, sem dúvida”, afirmou a artista Sheila Saralegui Añabeitia, que participou do evento representando o Auditório de Tenerife, na Espanha.
A reunião de artistas, produtores de ópera e gestores de espaços culturais da cena lírica de várias partes do mundo, na capital amazonense, reflete a importância do Festival Amazonas de Ópera e a relevância creditada à produção lírica amazonense.
Intercâmbio de Culturas
Produzir de maneira colaborativa entre os países da América Latina foi um dos principais objetivos dos diálogos do evento, o que é indispensável para o caráter de coletividade das movimentações artísticas, na opinião da maioria dos participantes da OLA.
Para Felipe Venâncio, que veio de São Paulo para trabalhar na assistência da direção do Festival Amazonas de Ópera, esse caminho trilha possibilidades inovadoras. “Acho que esse é o futuro. Em contato com a diretoria do festival, eu vejo que também há uma preocupação para que se mantenha uma ideia de formação, do festival enquanto troca. As pessoas vêm e trocam com quem é daqui, recebem o que existe, trazem uma outra visão, uma outra formação para que as pessoas daqui possam intercambiar conhecimentos, eu vejo isso como um dos objetivos do festival”, destacou o profissional, que também atua como diretor de palco e diretor cênico em sua cidade.
“A gente teve essa semana um workshop de perucaria, veio um profissional com uma galera que está interessada e faz algo para que isso fique aqui”, finalizou Felipe, referindo-se ao workshop de perucaria ministrado pela drag queen Malonna.
Popularização do Clássico
A diretora executiva da Ópera Latinoamérica (OLA), Alejandra Martí, apontou direções para que a circulação da arte clássica possa influenciar muito mais que um calendário cultural específico, mas também crie uma visão de impacto nas futuras gerações.
“O importante é que os projetos, os teatros de ópera, os festivais e os centros culturais tenham projetos sociais em seus planos de gestão. Claro que vai haver públicos que vão poder pagar por suas entradas, mas sabemos que grande parte da população, uma parte importante da população, não pode pagar”, afirma Alejandra.
“Os teatros têm o dever também de levantar recursos privados, e também no governo, claro, para que sejam financiados projetos sociais de amplo acesso em instâncias da população, como nos colégios, na periferia e populações que realmente não se veem cercada por outros centros [de artes] para que eles possam se aproximar e frequentar esses espaços”, aconselha a diretora executiva da OLA.
A profissional aproveitou também para destacar exemplos ao redor do mundo que compartilham de sua visão. “O que temos visto nesta conferência são projetos que saem da comunidade, por exemplo, o Palácio das Artes em Valência, contava com um caminhão itinerante que levava espetáculos gratuitos de orquestras e pequenas orquestras, óperas para zonas totalmente afastadas dos centros urbanos, que acessam, dessa maneiram, essa arte clássica, é uma estratégia muito relevante que precisa continuar”, destacou.
A diretora executiva da Ópera Latinoamérica (OLA), Alejandra Martí, apontou direções para que a circulação da arte clássica possa influenciar muito mais que um calendário cultural específico, mas também uma visão de impacto nas futuras gerações.
“Torna-se muito importante como nossos Ministérios da Cultura dialogam com os Ministérios de Educação e se integram em planos para que as crianças e jovens toquem instrumentos, porque isso também instala capacidades especiais naquelas pessoas e habilidades a respeito do estudo e da capacidade criativa, interagindo com um grupo artístico num processo criativo. Essa é outra ferramenta”, conclui.
FOTOS: Marcio James/Secretaria de Cultura e Economia Criativa
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