Na última sexta-feira (4), vimos o governador Wilson de Miranda Lima, político duas vezes eleito pelo maior número de votos da história amazonense, nessa última, com 1.039.192 votos, ou seja, 56,65% dos votos validos, sofrer em Parintins vaias de pequeno grupo isolado, mas constrangedor para um governante que obteve no 1º turno da última eleição 27.719 votos (54,06%) e no 2º turno teve a preferência de 44,64% dos eleitores parintinenses onde se registrou 21.901 votos.
Surgem algumas perguntas. Entre elas, de onde vem a ingratidão de um povo com seu governante maior? Em se tratando de Parintins, o Governo do Estado nestes cinco anos tem investimentos de mais de um bilhão em várias áreas e serviços.
Neste ano, todos – agremiações de bois bumbás, políticos, órgãos públicos e artistas – alardeiam que o governador Wilson promoveu o maior festival de todos os tempos. Que existem investimentos de mais de meio bilhão em saneamento básico como o do Programa de Saneamento Integrado (Prosai) de Parintins que prevê investimentos na ordem de R$ 511,3 milhões em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O programa tem a coordenação da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb).
O programa vai urbanizar uma área de risco de alagação na região conhecida como Lagoa da Francesa, com o objetivo de solucionar os problemas ambientais, urbanísticos e sociais do local e redondezas. As obras previstas são de drenagem e esgoto, mobilidade urbana, construção de unidades habitacionais, parques urbanos e equipamentos públicos. Será implantado um novo sistema de abastecimento de água em Parintins.
O projeto completo do Prosai Parintins inclui uma área de intervenção de 119 mil metros quadrados, alcançando os bairros da Francesa, Palmares, Santa Clara, Rita de Cássia e Centro, impactados diretamente pelas obras. A principal área de abrangência será a Lagoa da Francesa, para a qual o objetivo do programa é solucionar problemas ambientais, urbanísticos e sociais do local e de suas redondezas.
Tosa essa força tarefa vai retirar 832 famílias de áreas alagadiças de risco, promovendo a requalificação dos espaços com drenagem e mobilidade urbana, através de sistema viário, recuperação ambiental, além de dotar os locais de intervenção com parques, praças, ciclovias e equipamentos de apoio social.
As ações de reassentamento do programa, vão oportunizar a transformação da vida de 4.160 moradores de áreas de risco no município, que sofrem com alagações, ausência de saneamento básico e risco de desabamento. Entre as soluções de moradia está a construção de dois parques residenciais, com 504 unidades habitacionais.
Somente as intervenções urbanísticas do Prosai Parintins terão R$ 86,6 milhões de investimentos, beneficiando a população com áreas para o convívio social, prática de esporte, lazer e cultura, integrando esses espaços através de obras de mobilidade e drenagem urbana, recuperando parte da malha viária e construindo novas vias; sem conta com mais R$ 59,7 milhões em investimentos para levar cobertura de esgoto a 15 mil pessoas da área de intervenção do programa, o que corresponde a uma cobertura de 22% da área urbana de Parintins.
Continuando consultando os investimentos hoje em Parintins, deparei-me com o valor de R$ 45,2 milhões para garantir o abastecimento de água para 100% da população urbana do município, além de R$ 25,7 milhões em drenagem urbana, contemplando uma área de 63 quilômetros quadrados, com obras de macro e micro drenagem, promovendo a requalificação dos espaços e evitando futuras inundações.
Duas incógnitas, ou o governo Wilson Lima e seus aliados em Parintins se comunicam de maneira desditosa, ou o povo está sofrendo de síndrome de ingratidão.
O que é aliás ingratidão, senão um termo utilizado para descrever a falta de reconhecimento ou apreço por algo que foi feito em benefício de alguém. É um sentimento negativo relacionado à falta de gratidão ou reconhecimento de uma pessoa em relação a uma ação ou favor realizado por outra.
A ingratidão pode ser percebida em diversas situações, como quando alguém ajuda outra pessoa, mas não recebe nenhum agradecimento ou reconhecimento pelo gesto. Isso pode causar sentimentos de decepção e tristeza naquele que esperava pelo reconhecimento, especialmente se o ato realizado foi significativo ou demandou esforço.
Embora seja desagradável ser tratado com ingratidão, é importante lembrar que nem sempre as pessoas expressam seus sentimentos de maneira adequada, e algumas podem ter dificuldades em demonstrar gratidão mesmo que a sintam. Por outro lado, a ingratidão também pode ser um sinal de falta de consideração ou empatia por parte da pessoa que não reconhece o esforço alheio.
É fundamental cultivar a gratidão em nossas vidas e sermos reconhecidos por nossas ações, mas também devemos lembrar que não podemos controlar as atitudes dos outros. Por isso, é importante encontrar um equilíbrio entre ajudar e apoiar os outros, mas também valorizar a si mesmo e suas ações, independentemente de receber ou não gratidão externa.
A ingratidão de um povo com seu governante é um tema que pode ser encontrado em várias ocasiões ao longo da história.
Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.) foi um líder romano muito influente, que implementou reformas significativas e ganhou várias batalhas importantes. No entanto, depois de sua ascensão ao poder, muitos senadores romanos se tornaram ressentidos com sua crescente autoridade. Em 44 a.C., um grupo de senadores, liderado por Brutus e Cássio, conspirou e assassinou Júlio César em um ato de ingratidão pelo que ele havia feito por Roma.
Esse é apenas um exemplo – para não me tornar longo neste artigo – histórico de como a ingratidão de um povo pode se manifestar em relação a um governante.
É importante notar que as relações entre governantes e povos são complexas e podem ser influenciadas por diversos fatores políticos, econômicos e sociais.
A percepção de ingratidão pode variar dependendo do ponto de vista e da interpretação dos eventos históricos.
No caso dos fatos registrado em Parintins, é somente um hiato entre amor e ódio nas cortes do poder, onde a política se entrelaça em um laço ambíguo entre governante e povo. Talvez um amor frágil, nutrido por promessas e esperanças ou um ódio latente, fermentado por desigualdade e desdém.
O governante, qual figura paternal, promete amparo, amarra votos e sonhos, num pacto de confiança. Suas palavras se tornam poesias de mudança, mas nem sempre o povo traduz em atos a bonança.
Wilson Lima neste novo mandato, com essas inúmeras ações em favor de um povo, que com essa atitude, se apresenta como ‘pávulo’, esnobe, metido e fanfarrão; achava que estava ‘banzeirando’ em volta do amor daquela gente. Até porque quando o amor flui, as ações são ternas e justas e o governante e o povo caminham lado a lado. Políticas sociais são traçadas com confiança e juntos enfrentam os desafios, sem cansaço.
Mas, como na história do imperador Júlio César, o ódio espreita, oculto nas sombras do poder e interesses próprios turvam a visão, e o laço amoroso se rompe, sob a desilusão inexplicável.
Nesse jogo complexo, a dança se perpetua, amor e ódio, em eterna oscilação, o governante e o povo entram em uma relação ambígua com sentimentos conflitantes, em plena ação.
Como cidadão, como pai e filho, como devotado da democracia, faço preces que o amor prevaleça entre governantes e governados. Que a empatia seja a voz a guiar as decisões para que a união fortaleça o Amazonas abençoado,
A Parintins de muitas artes, e os corações de todos em muitos batimentos em favor da concordância entre governante e povo.
Parintins deve isso ao seu governador!
Marcello Amorim
É jornalista, escritor de livros e articulista deste Portal